ESTREIA
TEMPESTUOSA ESTREIA
UM DOS FILMES mais aguardados do ano estreia carregado de
problemas e sem o destaque merecido.
O ano era 1974 e Tobe Hooper criava o que mais tarde se transformaria
em um dos maiores clássicos de terror de todos os tempos: O Massacre da Serra Elétrica. Entre o original de 1974 e a
sequência O Massacre da Serra Elétrica 2,
passaram-se 12 anos. E depois vieram ainda Leatherface:
O Massacre da Serra Elétrica 3 e O
Massacre da Serra Elétrica – o retorno. Todos sem o brilho e sem alcançar o
sucesso do original. O filme ainda teve que contar com uma cópia mal feita à
época do lançamento da “parte 3” nos EUA. O filme em questão, tratava de um
tema diferente da série iniciada por Tobe, mas trazia o ator Gunnar Hansen (o
assassino no filme original) no elenco, o que acabou associando as duas produções. Associou tanto que no
Brasil o filme “paralelo” também se chamava “O Massacre da Serra Elétrica 3”,
só para aproveitar o nome da franquia.
De todos, o Retorno
foi a produção menos lucrativa da franquia. E também a que recebeu as críticas
mais duras.
Em 2003, Tobe Hooper reiniciou a série. A história era
basicamente a mesma, com elementos novos e uma horrível casa que em nada
lembrava a do filme original.
Em 2005, o Massacre
ganhou um prólogo: O Massacre da Serra
Elétrica – O início, contava as origens de Leatherface e sua família
monstruosa. A série deu uma parada até 2012 quando foi rodado “O Massacre da
Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua”. O filme, misto de refilmagem e
sequência, começa no ponto em que parou a versão de 1974.
Conta esta versão que, após escapar de Leatherface, Sally
(Marilyn Burns) chama a polícia que, imediatamente vai à casa da família Sawer.
Ao chegar lá, o xerife tenta convencê-los a entregar Jed
(nome original de Leatherface). Após uma conversa, a família resolve entregá-lo,
mas um dos moradores da cidade, revoltado com as mortes, conclama a população
para invadir o local (bem no estilo “A Hora do Pesadelo”). Resultado: a família
Sawer é massacrada com tiros e fogo.
Um dos agressores vê uma mulher agonizando com um bebê no
colo. Ele salva o bebê e o adota.
Anos depois, o bebê se transformou em uma bela moça. E é
aí que ocorre o grande erro do roteiro. A moça, aparentando ter uns vinte anos
de idade, vive em 2012 (o fato é comprovado por uma lápide do cemitério
particular da mansão que ela herda). Não precisa ser bom em matemática para
saber que, de 1974 a 2012 passaram-se nada mais, nada menos que trinta e oito
anos! A moça, então, deveria estar com esta faixa de idade. Ou então, o filme
deveria se passar por volta de 1994, mas, repito, a data na lápide informa: o
ano é 2012!!!
Tirando esse erro grotesco de datas, a história consegue
ser bem convincente. O longa faz várias menções ao original de 1974 (como a
marreta em uma das mortes, o temido gancho e o freezer com o corpo dentro). Em
uma das cenas mais bem elaboradas, Leatherface procura sua vítima em um parque
de diversões. Pena não deixar um rastro de sangue por lá, como os fãs
esperavam.
O ponto alto é a “batalha final” travada entre a mocinha,
o vilão da serra e um terceiro vilão (ainda mais infame que Leatherface).
Destaque ainda para a cena de abertura (com cenas da
versão de 1974, só que em 3D) e da junção das versões. No ponto em que deixamos
a história original e passamos para esta, temos uma linearidade inclusive no
cenário, totalmente fiel à primeira história.
Faltou, claro, explicar de onde vieram outros personagens
da família que não estavam presentes em ’74, mas isso não prejudica o
entendimento do filme. Além, óbvio, da serra, um outro elemento comum (a
praticamente todos os filmes) é a van que, fatidicamente, leva os amigos à sua
viagem final.
Por fim, “O Massacre da Serra Elétrica – A Lenda Continua”
é um filme que merece ser visto, revisto e comentado.
OS
ALTOS E BAIXOS DA SÉRIE:
E não é só “A Lenda Continua” que apresenta altos e
baixos (como o erro temporal do roteiro). A série foi marcada por atrasos,
cópias e muita “lenda” em torno do tema.
O ORIGINAL -> Baseado no caso “Ed Gein” (assim como Psicose e O Silêncio dos Inocentes), o Massacre da Serra Elétrica, de 1974,
virou um clássico do terror. Filmado à época com um modesto orçamento, ganhou
notoriedade e fama internacional. Porém, foi censurado em várias cidades dos
Estados Unidos e em vários países (como o Brasil, por exemplo), devido ao “alto
nível de violência”. O próprio lançamento nos EUA fora prejudicado e o filme –
inicialmente a ser lançado em 1973- só estreou no ano seguinte. No Brasil, uma
outra polêmica girou em torno do nome do filme: “serra elétrica”, afinal, o
instrumento usado por Leatherface é uma motosserra. Explica-se esse detalhe
como um “golpe de marketing”, pois “serra elétrica” teria um sonoridade melhor
e mais vendável para um filme de terror do que simplesmente, “motosserra”. Nos
Estados Unidos, o filme se chamaria “Leatherface”, a mudança ocorreu poucas
semanas antes da estreia para “The Texas Chain Saw Massacre”. Também lá, houve
um “golpe de marketing”, afinal, no primeiro filme, apenas uma pessoa é
assassinada com a serra.
O MASSACRE 2-> Dennis
Hooper é o parente de Sally (Marilyn Burns) que parte para o Texas em busca de
vingança anos após os eventos do primeiro filme. No caminho, consegue ajuda de
uma apresentadora de rádio, mas, no fim, a família de Leatherface acaba vencendo
(de novo!). O filme traz uma trilha estilo Rock dos anos ’80 (lembrando que foi
lançado em 1986) e tem pontos positivos e outros nem tanto (como qualquer filme
da série). O final é inconcluso e enigmático, sugerindo uma continuação que, de
fato, aconteceu em 1990.
LEATHERFACE: O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 3 e O MASSACRE
DA SERRA ELÉTRICA 3(somente no Brasil)-> Uma das maiores curiosidades do cinema
ocorre com essa dupla de filmes que, apesar de terem o mesmo nome, não têm nada
em comum (ou quase nada). O primeiro (Leatherface: O Massacre da Serra Elétrica
3) é a continuação oficial da saga. Lançado em 1990 nos Estados Unidos e, algum
tempo depois aqui no Brasil, apresenta a terceira parte da franquia iniciada
por Tobe Hooper em 1974.
O segundo (O Massacre da Serra Elétrica 3) é um outro
filme americano, com outro título em inglês, mas que, por trazer o ator Gunnar
Hansen no elenco e, alguma historieta sobre motosserras, acabou ganhando a
alcunha de continuação da série (apenas no Brasil)!!!
O RETORNO-> Visto por muitos como o pior dos filmes da
série, a quarta parte foi gravada em 1994, mas, problemas na justiça atrasaram
o lançamento do filme. Filmado com atores em início de carreira como Renné
Zelwegger, o filme sofreu vários cortes na edição final e, segundo consta,
muita gente da produção – inclusive os atores que já não eram tão anônimos
assim – pediram o não-lançamento do longa, quando ele foi finalmente liberado
para ser comercializado.
2003 -> Nove anos depois, Tobe Hooper reiniciou a
série com a versão de 2003. Com enredo semelhante à versão original, mas um
cenário totalmente diferente, a versão fez sucesso e garantiu a sobrevivência
da série.
2005 -> Com o prólogo, ficamos sabendo como nasceu
Leatherface e o seu desejo de matar. Produção interessante que se passa,
obviamente, antes de 1974.
2013 -> Gravado em 2012 e lançado nos EUA em janeiro
de 2013, a nova versão resolve desconsiderar os acontecimentos de todos os filmes
após o de 1974. A nova história se passa exatamente após os fatos narrados no
Massacre original e contém o erro histórico, já descrito neste texto.
O efeito 3D funciona bem, mas algumas cenas deixam a
desejar, tanto no roteiro quanto no efeito. Mas, ainda assim, é um filme muito
bom e merece ser assistido e apreciado por fãs do gênero.
Como sempre, no Brasil ocorreu um problema relacionado ao
lançamento. Previsto para estrear em fevereiro de 2013, o filme foi adiado,
mudou de distribuidora e só estreou – em poucos cinemas, por sinal – em 17 de
maio.
Alguns cinemas de Belo Horizonte capricharam no
amadorismo e o que se viu foi uma estreia conturbada, falha e sem o destaque
que a produção merecia. Em uma das salas, a sessão chegou a ser cancelada, e os
funcionários limitaram-se a dizer que foram “problemas técnico”. Em outra,
incompatibilidade entre os horários divulgados nos jornais e os horários reais.
Outro fator negativo foi a falta da pré-estreia, como ocorreu
em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Além da falta de reserva das salas
(foram poucas as que exibiram o filme e dessas, algumas ainda apresentaram os
problemas descritos acima).
Tempestades à parte, dentro e fora do Brasil, O Massacre da Serra Elétrica é uma
franquia a ser lembrada e comentada ainda por muitos e muitos anos.
Antônio Pedro de
Souza.