Escolhi iniciar
o texto de hoje citando a música de Rita Lee e Roberto de Carvalho, pois ela
retrata o que foi visto ontem no último debate presidencial antes das eleições
deste domingo.
É lamentável
constatar a péssima qualidade daqueles que querem governar um país de
proporções continentais. Dos sete “presidenciáveis” presentes, pouquíssimas
foram as exceções dos que não “deram bandeira” de maluco perante às câmeras. E
quando digo aqui, “maluco”, não me refiro a pessoas com problemas psicológicos
nem a pessoas que “levam a vida numa boa” e são consideradas como tal.
Refiro-me aqui, a pessoas irresponsáveis, despreparadas, imaturas, mas que
insistem em assumir o cargo de presidente da república.
Inicialmente,
mesmo com todos os problemas que os acompanharam nas últimas semanas, apenas
Dilma, Marina e Aécio souberam conduzir o debate. Em determinado momento,
porém, ao ser questionado sobre o aeroporto público construído em terreno
particular, Aécio perdeu as estribeiras. Ficou nervoso, desconversou e preferiu
atacar os adversários ao invés de se explicar.
E, em geral,
foi isso: ataque diretos aos adversários, enquanto as propostas de governo –
verdadeiro motivo do debate – foram deixadas de lado.
Os embates diretos entre Eduardo Jorge,
Levy Fidélix e Luciana Genro, penderam para o lado da comédia pastelão. Tivesse
Willian Bonner umas tortas disponíveis, a bagunça teria sido geral. Em tom
arrogante, Levy convocava seus adversários para o embate, como se os estivesse
desafiando para uma briga de porta de escola. Até meus alunos são mais
elegantes na hora de brigar!
Eduardo também
não ficou para trás e, vez ou outra dava as suas “tiradas”. Luciana era outra
“louca” no palco. Desde sua primeira fala – condenando os grandes veículos de
comunicação por não darem espaço aos ‘pequenos candidatos’ – até sua fala
final, agradecendo a Globo por ter lhe dado espaço para falar, ela foi
incoerente em todos os momentos.
Interessante é
perceber que a fala dos candidatos do PSOL é a mesma, em todas as instâncias.
Os discursos de Luciana ontem foram os mesmos de Fidélis, candidato ao Governo
de Minas, no debate de terça-feira.
Pastor Everaldo ficou como coadjuvante.
Pouco fez, pouco falou, e pouco nos importa agora.
Voltando aos
“grandes”, Aécio perdeu-se em divagações por várias vezes, esquivando-se de
perguntas polêmicas.
Marina e Dilma,
repito, mesmo com os vários problemas apresentados durante a campanha,
conseguiram levar o debate a um nível minimamente aceitável. Coerentes em suas
falas, apresentaram suas propostas e responderam às perguntas que lhes foram
feitas. Se uma está menos ou mais preparada que a outra para assumir a cadeira
da presidência, sinceramente, não deu para perceber.
O triste foi
chegar à uma e meia da manhã com a sensação de que, em geral, nenhum dos
candidatos está, de fato, preparado para o cargo. E que temas importantes com
cultura, educação, saúde e segurança ou não foram citados ou foram e deixados
em segundo plano e que o debate final, que era o momento de sabermos as
intenções reais de cada candidato, virou um cenário para lavação de roupa suja.
APS, 03/10/2014