sexta-feira, 3 de outubro de 2014

“MALUCOS: A NOSSA VIDA É DAR BANDEIRA...”


Escolhi iniciar o texto de hoje citando a música de Rita Lee e Roberto de Carvalho, pois ela retrata o que foi visto ontem no último debate presidencial antes das eleições deste domingo.
É lamentável constatar a péssima qualidade daqueles que querem governar um país de proporções continentais. Dos sete “presidenciáveis” presentes, pouquíssimas foram as exceções dos que não “deram bandeira” de maluco perante às câmeras. E quando digo aqui, “maluco”, não me refiro a pessoas com problemas psicológicos nem a pessoas que “levam a vida numa boa” e são consideradas como tal. Refiro-me aqui, a pessoas irresponsáveis, despreparadas, imaturas, mas que insistem em assumir o cargo de presidente da república.
Inicialmente, mesmo com todos os problemas que os acompanharam nas últimas semanas, apenas Dilma, Marina e Aécio souberam conduzir o debate. Em determinado momento, porém, ao ser questionado sobre o aeroporto público construído em terreno particular, Aécio perdeu as estribeiras. Ficou nervoso, desconversou e preferiu atacar os adversários ao invés de se explicar.
E, em geral, foi isso: ataque diretos aos adversários, enquanto as propostas de governo – verdadeiro motivo do debate – foram deixadas de lado.
Os embates diretos entre Eduardo Jorge, Levy Fidélix e Luciana Genro, penderam para o lado da comédia pastelão. Tivesse Willian Bonner umas tortas disponíveis, a bagunça teria sido geral. Em tom arrogante, Levy convocava seus adversários para o embate, como se os estivesse desafiando para uma briga de porta de escola. Até meus alunos são mais elegantes na hora de brigar!
Eduardo também não ficou para trás e, vez ou outra dava as suas “tiradas”. Luciana era outra “louca” no palco. Desde sua primeira fala – condenando os grandes veículos de comunicação por não darem espaço aos ‘pequenos candidatos’ – até sua fala final, agradecendo a Globo por ter lhe dado espaço para falar, ela foi incoerente em todos os momentos.
Interessante é perceber que a fala dos candidatos do PSOL é a mesma, em todas as instâncias. Os discursos de Luciana ontem foram os mesmos de Fidélis, candidato ao Governo de Minas, no debate de terça-feira.
Pastor Everaldo ficou como coadjuvante. Pouco fez, pouco falou, e pouco nos importa agora.
Voltando aos “grandes”, Aécio perdeu-se em divagações por várias vezes, esquivando-se de perguntas polêmicas.
Marina e Dilma, repito, mesmo com os vários problemas apresentados durante a campanha, conseguiram levar o debate a um nível minimamente aceitável. Coerentes em suas falas, apresentaram suas propostas e responderam às perguntas que lhes foram feitas. Se uma está menos ou mais preparada que a outra para assumir a cadeira da presidência, sinceramente, não deu para perceber.
O triste foi chegar à uma e meia da manhã com a sensação de que, em geral, nenhum dos candidatos está, de fato, preparado para o cargo. E que temas importantes com cultura, educação, saúde e segurança ou não foram citados ou foram e deixados em segundo plano e que o debate final, que era o momento de sabermos as intenções reais de cada candidato, virou um cenário para lavação de roupa suja.
APS, 03/10/2014