Diretor,
roteirista e ator da peça que estreia em BH conta detalhes da produção e
adianta planos para 2016
O diretor da peça “Relatos Não Oficiais Sobre o Andar 43”, que estreia em Belo Horizonte neste fim de semana, concedeu uma entrevista ao blog APS e acabou fazendo algumas revelações dignas de nota, tanto sobre o espetáculo, quanto sobre os projetos do grupo Teatro Express, do qual é sócio. Thiago Cazado, além de diretor, é o roteirista e um dos atores de Relatos...
A peça aborda um relacionamento que começa quase que
acidentalmente: dois homens que trabalham em um importante laboratório de
remédios são chamados para o lendário andar 43, em que se concentra a diretoria
da empresa. Coincidentemente, eles pegam o mesmo elevador e, no meio do
trajeto, há uma queda de energia... a partir daí, surge uma empatia entre os
dois personagens que extrapola o lado profissional.
Thiago conta que a concepção para a peça surgiu
intuitivamente: “Eu sou intuitivo neste quesito, não sou muito cerebral. Mas o
fato da história confrontar uma repressão que vai de encontro ao detrimento da
liberdade individual dos personagens, se deu junto às observações que eu fiz no
momento das manifestações, em que muitas pessoas defendiam coisas como a volta
do golpe militar. A peça não é inspirada nisso, mas eu me lembro de escrever
com mais força em reação a estes acontecimentos.” Cazado também ressaltou que
procurava algo novo para compor o cenário e o enredo, foi então que veio a
ideia do elevador: “Eu achei interessante também contar uma história no teatro
que se passasse durante 1h dentro de um elevador, um espaço pequeno de 2m². Foi
divertido encontrar as soluções de narrativa e cênicas para isto.” Sobre os
personagens, o diretor disse que eles precisavam ser verídicos. Pessoas com
quem o público pudesse se envolver, se reconhecer: “Os personagens foram
buscados pensando em não rotulá-los, não encaixá-los em tipos óbvios. Procurei
encontrar personagens muito humanos, naturais e surpreendentes, como somos
todos.”
A peça estreou em Brasília com grande repercussão, já que trata de um tema que ainda é considerado tabu para grande parte da sociedade. Thiago falou um pouco sobre a polêmica causada pela obra e a reação do público perante algumas cenas, bem como os motivos de tais cenas terem sido criadas: “Há cenas de insinuação sexual e há cenas violentas também. Talvez sejam as mais polêmicas porque optamos por fazer algo honesto, sem proteger, sem maquiar. Mas há um sentido para elas estarem ali. No início, há aquele susto por estar acontecendo, ao vivo, cenas que não são tão comuns de serem vistas no teatro. Mas depois acredito que o público "esquece" que estamos sem roupa, por exemplo. As pessoas não estão indo embora resumindo a peça ao nu. Antes disso, as pessoas saem transformadas e emocionadas. Até o momento, tivemos apenas retorno positivo.”
Perguntado sobre como consegue conciliar funções tão
distintas dentro do projeto (Thiago é o diretor, roteirista e ator da peça),
Cazado responde que tenta transformar estas três funções em uma unidade que lhe
seja favorável. Segundo ele, por serem departamentos diferentes, ele costuma “ligar”
e “desligar” uma chave mental para cada momento. O maior desafio é na hora de
atuar, já que ele contracena com o colega, Joheber Duarte. Neste momento, ele diz que é difícil esquecer que
não está dirigindo Joheber e, sim, atuando com ele: “Quando estou atuando,
procuro não pensar. Quem pensa, é o personagem. Então eu combino comigo mesmo
de esquecer que fui eu quem escreveu e dirigiu a peça. É esquizofrênico (risos).”
Cazado ressalta que, nesta hora, a colaboração da equipe é fundamental e, à medida
que a peça vai sendo encenada ele, juntamente com a equipe, altera o que não
deu certo e mantém o que deu certo para as próximas sessões.
Fotos de divulgação: Marcus Valdetaro |
Relatos não oficias sobre o andar 43 fica em cartaz neste fim de
semana, no Teatro Sesi Holcim (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – Belo Horizonte).
No sábado, 14, a peça será apresentada às 19h e às 21h. Já no domingo, a
encenação ocorre às 17h e às 19h. A entrada custa R$50,00 (inteira) e R$25,00
(meia). Por conter cenas de nudez e insinuação sexual, a peça recebeu
classificação indicativa de 18 anos.
Assista abaixo à cena de divulgação da peça Relatos não oficiais sobre o andar 43: