José Wilker como o presidente JK - Divulgação/Rede Globo |
Minissérie
foi um marco da TV brasileira ao apresentar a biografia do presidente Juscelino
Kubitscheck de Oliveira mesclada a uma trama fictícia
O
dia era 03 de janeiro de 2006, uma terça-feira, e a Rede Globo de Televisão
estreava sua grande aposta para aquele começo de ano: a minissérie JK.
A
produção começara meses antes, mas algumas gravações ainda ocorreram durante o
período em que a minissérie era exibida. Estrelada pelos saudosos José Wilker e
Marília Pêra, a obra abordava a vida do “Presidente Bossa Nova”, e a misturava
a fatos fictícios, compreendendo um período de quase 80 anos.
A
minissérie começa em 31 de janeiro de 1956 – data da posse de Juscelino como
presidente do Brasil – em seguida, em um flash-back, voltamos a 1902 e vemos o
nascimento de JK, além da profecia de seu pai, que afirmara ter nascido “o
futuro presidente do Brasil”. Com quase 90 minutos de duração, o capítulo de estreia
foi dividido em apenas dois blocos e passou por toda a infância do presidente,
mostrando fatos históricos reais como a morte do pai de Juscelino – vítima de
tuberculose –, a passagem do Cometa Haley pela órbita terrestre, a entrada de
Juscelino no seminário e a epidemia de gripe espanhola que atingira cidades
como Belo Horizonte e Diamantina. A epidemia mata várias pessoas em Diamantina,
mas abre as portas para Juscelino fazer o curso de Medicina que tanto almejava.
Também
no primeiro capítulo, conhecemos o Coronel Licurgo e sua família – personagens fictícios
que representam famílias com tradição política na época – Licurgo, por sinal, é
um dos grandes vilões do primeiro terço da minissérie.
Nos
capítulos seguintes, acompanhamos a vida de Juscelino em Belo Horizonte, a
faculdade de medicina, o trabalho como telégrafo e o casamento com Sarah.
Nestes capítulos, Juscelino é interpretado por Wagner Moura e Sarah, por Débora
Falabella. Após o casamento, Juscelino, que já trabalhava como médico é
convocado para lutar na Revolução que ocorria entre Minas Gerais e São Paulo. Lá,
ele aproxima-se de Benedito Valadares e inicia sua carreira política.
Débora Falabella e Wagner Moura como Sarah e Juscelino, nos primeiros capítulos de 'JK' Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo |
Inicialmente,
JK é nomeado Secretário de Obras de Belo Horizonte, em seguida, assume o cargo
(ainda por nomeação) de prefeito da capital. Neste cargo, realiza obras
importantes como a construção da barragem da Pampulha e do complexo
arquitetônico da orla. Mais tarde, é eleito deputado, governador e, finalmente,
presidente, quando constrói Brasília e transfere para lá, a capital do Brasil.
A
minissérie aborda ainda o golpe de 1964, a instauração da ditadura militar, o
exílio de JK e de outros personagens – reais e fictícios – a volta de JK ao
Brasil e o acidente que o matou, em 1976. Após o velório e enterro do
ex-presidente, a minissérie dá um salto para 1981, quando uma narração conta
que, naquele ano, foram revogadas as acusações impostas a Juscelino durante o
regime militar.
Marília Pêra como a primeira-dama Sarah Kubitschek Foto: Márcio de Souza/TV Globo |
Com
uma direção primorosa comandada por Dennis Carvalho e um texto exemplar de
Maria Adelaide Amaral, “JK” teve cenas gravadas em Tiradentes, Diamantina, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Também foi a penúltima “grande minissérie”
exibida pela Globo em janeiro, tendo um total de 46 capítulos. Em 2007, estreou
“Amazônia” com 55 capítulos e, a partir de 2008, minisséries com menos capítulos
passaram a ser exibidas nos meses iniciais de cada ano, como “Queridos Amigos”,
com 25 capítulos, Maysa (2009), com apenas 9 capítulos, entre outras.
“JK”
tornou-se uma ‘febre’ nacional, tendo sua trilha sonora com 20 canções lançada
ainda no período de exibição e o DVD com os melhores momentos da produção lançado
em agosto do mesmo ano.
A
minissérie foi o último trabalho da atriz Ariclê Perez, que faleceu em 26 de
março de 2006, dois dias após o fim de “JK”, e também do ator Raul Cortez, que
faleceu em 18 de julho daquele ano.
Mesmo
passada uma década, “JK” ainda causa comoção e desperta o sentido de aventura e
curiosidade pelo novo que existe em cada brasileiro e é uma obra imortal que
deve ser revista quantas vezes forem necessárias. Simplesmente, porque vale a
pena!