quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Os Dez Anos de ‘JK’

José Wilker como o presidente JK - Divulgação/Rede Globo

Minissérie foi um marco da TV brasileira ao apresentar a biografia do presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira mesclada a uma trama fictícia

O dia era 03 de janeiro de 2006, uma terça-feira, e a Rede Globo de Televisão estreava sua grande aposta para aquele começo de ano: a minissérie JK.
A produção começara meses antes, mas algumas gravações ainda ocorreram durante o período em que a minissérie era exibida. Estrelada pelos saudosos José Wilker e Marília Pêra, a obra abordava a vida do “Presidente Bossa Nova”, e a misturava a fatos fictícios, compreendendo um período de quase 80 anos.
A minissérie começa em 31 de janeiro de 1956 – data da posse de Juscelino como presidente do Brasil – em seguida, em um flash-back, voltamos a 1902 e vemos o nascimento de JK, além da profecia de seu pai, que afirmara ter nascido “o futuro presidente do Brasil”. Com quase 90 minutos de duração, o capítulo de estreia foi dividido em apenas dois blocos e passou por toda a infância do presidente, mostrando fatos históricos reais como a morte do pai de Juscelino – vítima de tuberculose –, a passagem do Cometa Haley pela órbita terrestre, a entrada de Juscelino no seminário e a epidemia de gripe espanhola que atingira cidades como Belo Horizonte e Diamantina. A epidemia mata várias pessoas em Diamantina, mas abre as portas para Juscelino fazer o curso de Medicina que tanto almejava.
Também no primeiro capítulo, conhecemos o Coronel Licurgo e sua família – personagens fictícios que representam famílias com tradição política na época – Licurgo, por sinal, é um dos grandes vilões do primeiro terço da minissérie.
Nos capítulos seguintes, acompanhamos a vida de Juscelino em Belo Horizonte, a faculdade de medicina, o trabalho como telégrafo e o casamento com Sarah. Nestes capítulos, Juscelino é interpretado por Wagner Moura e Sarah, por Débora Falabella. Após o casamento, Juscelino, que já trabalhava como médico é convocado para lutar na Revolução que ocorria entre Minas Gerais e São Paulo. Lá, ele aproxima-se de Benedito Valadares e inicia sua carreira política.

Débora Falabella e Wagner Moura como Sarah e Juscelino, nos primeiros capítulos de 'JK'
Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo


Inicialmente, JK é nomeado Secretário de Obras de Belo Horizonte, em seguida, assume o cargo (ainda por nomeação) de prefeito da capital. Neste cargo, realiza obras importantes como a construção da barragem da Pampulha e do complexo arquitetônico da orla. Mais tarde, é eleito deputado, governador e, finalmente, presidente, quando constrói Brasília e transfere para lá, a capital do Brasil.
A minissérie aborda ainda o golpe de 1964, a instauração da ditadura militar, o exílio de JK e de outros personagens – reais e fictícios – a volta de JK ao Brasil e o acidente que o matou, em 1976. Após o velório e enterro do ex-presidente, a minissérie dá um salto para 1981, quando uma narração conta que, naquele ano, foram revogadas as acusações impostas a Juscelino durante o regime militar.

Marília Pêra como a primeira-dama Sarah Kubitschek
Foto: Márcio de Souza/TV Globo


Com uma direção primorosa comandada por Dennis Carvalho e um texto exemplar de Maria Adelaide Amaral, “JK” teve cenas gravadas em Tiradentes, Diamantina, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Também foi a penúltima “grande minissérie” exibida pela Globo em janeiro, tendo um total de 46 capítulos. Em 2007, estreou “Amazônia” com 55 capítulos e, a partir de 2008, minisséries com menos capítulos passaram a ser exibidas nos meses iniciais de cada ano, como “Queridos Amigos”, com 25 capítulos, Maysa (2009), com apenas 9 capítulos, entre outras.
“JK” tornou-se uma ‘febre’ nacional, tendo sua trilha sonora com 20 canções lançada ainda no período de exibição e o DVD com os melhores momentos da produção lançado em agosto do mesmo ano.
A minissérie foi o último trabalho da atriz Ariclê Perez, que faleceu em 26 de março de 2006, dois dias após o fim de “JK”, e também do ator Raul Cortez, que faleceu em 18 de julho daquele ano.
Mesmo passada uma década, “JK” ainda causa comoção e desperta o sentido de aventura e curiosidade pelo novo que existe em cada brasileiro e é uma obra imortal que deve ser revista quantas vezes forem necessárias. Simplesmente, porque vale a pena!