Completa-se nesta quarta-feira, uma semana que o senhor
nos deixou. Parece pouco, mas para nós que vivemos tantas histórias juntos, uma
semana de saudades é uma eternidade!
Por isso, em vez de chorarmos de tristeza por sua
partida, preferimos lembrar os inúmeros bons momentos que compartilhamos. Foram
tantas histórias...
Lembra dos bifes? Quando éramos crianças, nós, os netos,
íamos com uma tia levar almoço no clube em que o senhor trabalhava. E o senhor
sempre dividia seus bifes conosco. E com mais algumas dezenas de gatos que
circulavam sabiamente a área do refeitório.
E das jabuticabas? Filhos e netos puderam usufruir das
deliciosas frutas plantadas estrategicamente no fundo do quintal. A árvore se
foi há anos, mas as histórias permaneceram. Histórias da época em que seu
quintal era imenso, sem muros internos, sem divisas, com uma felicidade que não
se findava.
E as carnes? Natal e Ano-Novo tinham fartos pernis,
lombos e perus. Alguns pernis eram tão grandes que era necessário cortar parte
do osso para caber no forno.
E as músicas? Moreninha
Linda, Baile na Roça, Coração Cigano e... a sua preferida: O Ipê Florido.
E Crucilândia? Sua terra natal e de onde saiu a maior
parte de suas histórias: histórias sobre a natureza: lobos, cães, macacos,
cachoeiras. Histórias sobre assombrações, histórias bem-humoradas sobre “causos
paroquianos”. Temos que relembrá-las qualquer dia desses.
O senhor viu e viveu coisas de mais. E nós, da sua
família, somo gratos por termos compartilhado tantos momentos, tantas
histórias, tantas brincadeiras. Lembra quando o senhor sentava no chão para
brincar com seus filhos? Depois vieram os netos e os bisnetos e o ritual se
repetiu. O senhor amou a todos incondicionalmente.
Mas teve aquele amor especial: sua esposa, que o
acompanhou ao longo de 58 anos de matrimônio. Tudo o que vocês viveram juntos.
Tantas histórias, tanta alegria, tanta cumplicidade. Nada disso será apagado.
Nada será esquecido. Por que, mesmo quando sua memória tinha uma pequena falha
aqui ou ali, era o nome dela, da sua “Maria Augusta”, que o senhor chamava. Foi
um amor verdadeiro que superou o limite traçado entre vida e morte.
Hoje, embora emocionados, não choramos de tristeza por
sua partida. Choramos de emoção ao relembrar cada pequeno ou grande momento que
vivemos juntos. Que apendemos com o senhor. Que caminhamos, que sentamos, que
conversamos.
Hoje, fazemos essa ode a sua memória. Para termos a
certeza de que ela nunca, jamais, será apagada. O senhor é como um bom livro,
que tivemos a honra de ler. Chegamos a sua última página na semana passada.
Agora, relembramos com carinho cada um dos momentos lidos. E como um bom livro,
sua história não acabou. Ela segue imortalizada em nossos corações para sempre.
Pois sabemos que, nos momentos de aflição ou dificuldade, poderemos recorrer
aos seus ensinamentos, as suas falas, aos seus conselhos. Ao seu sorriso, que foi eternizado em nossa
mente.
No fim, encontramos o conforto para seguir adiante,
fazendo esta ode a sua pessoa e agora a sua memória. E como diz a letra de sua
canção preferida: “quanta claridade tem
você lá fora.” E é isso: Em nome de sua esposa, filhos, filhas, netos,
netas, bisnetos e bisnetas, amigos, parente, enfim, em nome de todos os que
tiveram a honra da sua convivência. Siga em paz, no conforto do Senhor.