terça-feira, 27 de março de 2018

Exposição em shopping da capital reverencia mestre do Renascimento


Réplica de "A Última Ceia" - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural


Da Vinci: A Exposição segue em cartaz no Shopping Cidade


            AVANÇADO. Assim pode ser definido um dos mestres do renascimento, o artista de múltiplas funções, Leonardo Da Vinci, tema de uma exposição em cartaz no Centro de Belo Horizonte.
            Nascido em 1452 na aldeia de Anchiano, próxima à cidade de Vinci, Leonardo é conhecido por pinturas famosas como A Última Ceia e Mona Lisa, porém, seu trabalho vai além: a partir de desenhos de anotações de Leonardo, foi possível chegar a protótipos, séculos após sua morte, de objetos e veículos comuns na atualidade, como tanques de guerra, helicópteros e roupas de mergulho!
            Da Vinci: A Exposição faz um apanhado de todas essas invenções. Dividida em salas temáticas, como “engenharia militar”, “anatomia”, “música”, entre outras, cada seção apresenta painéis com anotações e desenhos de Leonardo, seguidos dos protótipos – em diversos tamanhos – de seus inventos. A contribuição de Da Vinci para o nosso modo de vida é incalculável e o que a exposição faz é nos apresentar uma pequena parcela das ideias deste gênio que morreu em 1519.

Por Dentro:
            Na antessala da exposição, uma cópia enorme da Mona Lisa recebe os convidados. Ali, é possível fazer selfies ou, simplesmente, apreciar a beleza e os mistérios do quadro mais famoso de Leonardo.



           
Érico de Angelis, diretor da Exhibition Club, 
apresenta a mostra aos convidados 
Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
Na primeira sala, painéis retratam a biografia de Leonardo e um vídeo animado com cinco minutos de duração destaca os principais pontos da vida e da obra do artista. Para o produtor da Exhibiton Club Érico de Angelis, responsável pela exposição, esta primeira sala tem como objetivo desconectar o espectador do mundo exterior e prepará-
lo para o que virá a seguir. Em relação ao vídeo, ele disse acreditar que a junção de animação e informações históricas facilita a assimilação do conteúdo passado na projeção. “É uma forma didática e ao mesmo tempo divertida de passar informações importantes. E a linguagem utilizada agrada tanto adultos quanto crianças.” – comentou durante a coletiva que apresentou à imprensa belo-horizontina a mostra.

          A partir da segunda sala somos, enfim, apresentados ao universo de Da Vinci dividido por temas. Há um segmento que mostra inventos que visam facilitar a vida nas grandes cidades: pontes, escoamento de água, guindastes... Pensar que tais conceitos foram planejados há cerca de cinco séculos e que, em muitas cidades ainda não são postos em prática, chega a dar um nó na cabeça de       quem visita a exposição.

Réplica de "O Homem Vitruviano"
Foto: Antônio Pedro de Souza/ Site Feira Cultural
           Na área dedicada à anatomia há, entre outros, o famoso quadro O Homem Vitruviano. Leonardo ilustrou no quadro teorias sobre as proporções humanas. É possível perceber que o comprimento do corpo é de oito vezes o tamanho da cabeça e que a altura do homem é a mesma da largura dos braços estendidos. No quadro, é possível perceber o corpo em diferentes posições.
            A partir de suas anotações, foi possível descobrir também projetos para máquinas têxteis, empilhadeiras, bicicletas, entre outras. Em relação à bicicleta, há um mistério: Durante a restauração do Código Atlântico (livro que contém diversos escritos de Da Vinci) foi descoberto o projeto da bicicleta, porém, de acordo com estudiosos, os traços diferem um pouco do trabalho de Leonardo. Supõe-se, então, que o desenho encontrado no Código Atlântico pertença a um dos alunos de Leonardo, que havia se inspirado nos desenho do mestre...
            A última sala da exposição é dedicada às obras que fazem Da Vinci ser conhecido até hoje: as pinturas. Ali estão retratadas, em tamanhos naturais, réplicas de seus principais quadros, como as já citadas Mona Lisa e A Última Ceia e outros, como A Virgem das Rochas e Batalha de Anghiari.
            Quem nos leva para conhecer os quadros é o historiador Mateus Gomes, que acompanha a exposição há um bom tempo: ele esteve em Contagem quando a mostra ficou em cartaz no Itaú Power Shopping em 2015.
            Ele começa nos apresentando A Última Ceia: “Os discípulos são apresentados em quatro grupos de três e Jesus ao centro, mostrando que Jesus é o centro das nossas vidas. Há ainda o triângulo: ‘Pai, Filho e Espírito Santo’ e as roupas. Levava-se mais tempo para se vestir, o ato de se vestir requer uma nobreza. A questão do vermelho na roupa de Jesus é o sangue; o azul, celestial. Há a representação dos doze discípulos, mas aqui há a figura feminina, a figura de Maria Madalena. E não seria Leonardo da Vinci se não tivesse os mistérios: Aqui temos uma mão – Mateus aponta para Maria Madalena na pintura – e aqui uma faca, dizendo que precisamos cortar a cabeça de Maria Madalena. O fundo mostra Jesus mais uma vez como um ser iluminado. Há também a questão do nosso corpo falar: a questão das mãos – Mateus aponta para um discípulo que tem as duas mãos levantadas e explica: - O discípulo está com as mãos assim na hora em que Jesus explica que um deles o trairá. É uma pintura pensada nos detalhas. As linhas evidenciam Jesus ao centro. – Ele mostra um canto escuro no lado esquerdo e diz: – Aqui, a mitologia vai dizer que é a representação de Lúcifer... E se formos olhar mais além do que Leonardo pinta, podemos perceber aqui – novamente aponta para Maria Madalena – a figura de um menino, que seria o filho de Jesus e Maria Madalena. Outros vão dizer que seria Judas segurando o saco de moedas e alguns afirmam que Da Vinci não pintou, na verdade, a última ceia e, sim, as bodas de Jesus e Maria Madalena.”
O historiador Mateus Gomes guia os visitantes pelos quadros de Leonardo da Vinci - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural


Em seguida, Mateus começa a falar dos detalhes e, claro, mistérios de Mona Lisa: “O quadro foi o Francisco Bartolomeu Giocondo, marido da Mona Lisa, que contrata Leonardo Da Vinci para fazer o retrato. Ele contrata, paga antecipadamente, mas não recebe. Leonardo não entrega o quadro. Aqui, temos Mona Lisa ao centro e a paisagem ao fundo, como se estivesse descendo. Da Vinci pinta o quadro e tem uma dificuldade imensa de aceitação da obra.
            Mateus explica que a Igreja Católica, detentora de grande poder na época, não gostou da representação de uma senhora com o colo – ainda que pouco – à mostra. Outra inovação para o começo do século XVI foi a representação das mãos: Da Vinci pinta em detalhes os dedos e as mãos de Mona Lisa pousadas sobre seu colo, algo não usual no período.
            Em relação ao cenário, Mateus explica: “Essa ponte existe em Florença até hoje. Em relação ao caminho, muitos dirão que Da Vinci pinta aqui o céu e o inferno. A roupa de Mona Lisa não é considerada tão nobre. Outro ponto interessante é o olhar: onde você for nesta sala, terá a impressão de que ela está te olhando.” Há uma questão interessante sobre um dos mistérios que surgiram nos últimos anos: Mateus explica que, ao contrário do que se pensa, Mona Lisa não está usando um véu e uma mancha que pode ser percebida ao lado do quadro não se trata de um relâmpago que havia caído ali perto e fora retrato por Da Vinci. Tais efeitos, segundo Mateus, foram causados por uma restauração mal feita em algum momento que separa a pintura original (1503-1506) e os dias atuais.
O icônico quadro da Mona Lisa ganha múltiplas leituras na exposição - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural

“Essa questão do corte de cabelo, alguns historiadores afirmam que seria sangue, que Mona Lisa estava ferida na cabeça, mas que Da Vinci não a retrataria machucada. A questão do degradê, do claro do corpo dela ao escuro da roupa e da paisagem, Da Vinci usa estudos matemáticos para se chegar a esse ponto. Não há uma ruptura. E, por fim, se recortarmos a Mona Lisa deste quadro e observarmos apenas o fundo, a gente tem o mesmo fundo de um outro quadro: A Virgem do Fuso.
            No caso de A Virgem do Fuso, Mateus explica que é um quadro “mais fácil de ser visto, pois é mais claro, com contornos e linhas mais definidas. Quando voltamos a ver Mona Lisa, nossa pupila diminui, pois é um quadro mais escuro, mais sombrio.”
            Seja pela genialidade, sejam pelos mistérios, Leonardo da Vinci é, até hoje, um dos artistas mais reconhecidos de todos os tempos, com obras que povoam o imaginário popular e as salas acadêmicas e que agora a população de Belo Horizonte e região tem a oportunidade de conhecer.
            A exposição está no Piso G5 do Shopping Cidade (entradas pelas ruas Rio de Janeiro, Tamoios, São Paulo e Tupis, no Centro de Belo Horizonte) e os ingressos custam a partir de R$25,00. A mostra pode ser visitada diariamente até 22 de abril. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 4141-2017. A classificação etária é livre.

Vídeo:
            Clique aqui para ver ao vídeo da matéria (disponível a partir das 6h de sexta-feira, 23/03/2018) 

Versatilidade: Orquestra Ouro Preto completa 18 anos, torna-se residente do Sesc Palladium, anuncia programação e lança cerveja


Eliane Parreiras, Gerente Geral de Cultura do Sesc em Minas Gerais; Rodrigo Toffolo, Maestro Regente da Orquestra Ouro Preto; e Janaína Cunha, Gerente de Cultura do Sesc Palladium
Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural


Maestro Rodrigo Toffolo apresentou as novidades da temporada esta semana



            DIÁLOGO. Esta palavra resume o espírito da Orquestra Ouro Preto no momento em que ela completa 18 anos. Há diálogo entre ritmos, compositores, culturas e na expansão do conceito da própria orquestra que, ao chegar à maioridade, passa a dar nome a uma cerveja artesanal.
            E foi com um agradável diálogo que o maestro Rodrigo Toffolo apresentou as novidades da temporada 2018 na terça-feira, 13 de março, durante um café da manhã na nova casa da orquestra.
            A parceria firmada com o Sesc garantiu à Orquestra 10 espetáculos já agendados até o fim de 2018, porém, como ressaltaram Toffolo e Eliane Parreiras, gerente geral de cultura do Sesc em Minas, há espaço para novas apresentações e projetos no decorrer deste período.
            Eliane, aliás, disse que ter a Orquestra como residente do Sesc é o amadurecimento de uma parceria que já dá certo há anos: “Iniciamos essa trajetória com a Orquestra por meio da Série Domingos Clássicos há cinco anos e agora evoluímos. Isso, porque o Sesc e a Orquestra são múltiplos e se identificam nessa pluralidade, pois atendem a todo tipo de público, sempre oferecendo ações que se caracterizam pela excelência, diversidade  e compromisso em dar às pessoas novas oportunidades de conhecimento e fruição da cultura, nesse caso, principalmente da música.”
            Explicando a dúvida que surgiu sobre a nova “casa” da Orquestra, Rodrigo ressaltou que a sede continua sendo em Ouro Preto, mas que ser residente do Sesc Palladium significa que a orquestra terá um local fixo para seus ensaios e uma casa para apresentação constante, o que dá mais liberdade para novas criações e montagens. Rodrigo explicou também que, por meio de parcerias e patrocínios, a Orquestra Ouro Preto levará alguns de seus espetáculos para turnê nacional.
            Entre as novidades da temporada 2018, está a criação do Fala, Maestro!, momento de conversa entre o maestro e o público, sempre meia hora antes do espetáculo, de modo que o público possa tirar suas dúvidas e conhecer um pouco mais do que será apresentado naquele dia. 
CD "Orquestra Ouro Preto  - The Beatles - Volume 1" e a novidade da temporada: Cerveja Orquestra Ouro Preto" - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural

E a programação na nova casa já começa neste fim de semana. No domingo, 18 de março, haverá a estreia do espetáculo “Orquestra Ouro Preto – The Beatles Volume 2”, o projeto dá continuidade ao concerto lançado em 2014, que circulou o Brasil e integrou uma edição da International Beatle Week, evento inglês dedicado ao quarteto de Liverpool. Este volume 2 traz novas músicas, arranjos inéditos e mescla música erudita e popular. O cenário é assinado pelo artista plástico Rogério Fernandes.
            Já no dia 8 de abril, Alceu Valença sobe ao palco com os músicos da orquestra para o espetáculo “Valencianas”.
            No dia 13 de maio tem o “CPLP – Comunidade de Língua Portuguesa”, que mesclará ritmos e composições de países luso falantes, além de difundir a música contemporânea de concerto latina.
            Em junho haverá o lançamento do DVD “Música Para Cinema”. Gravado em Ouro Preto em 2017, o DVD mescla trilhas de produções cinematográficas nacionais e internacionais. Rodrigo salientou que, para a gravação, preferiu não interferir na rotina da cidade. Assim, segundo ele, não houve fechamento de ruas ou interdição de trechos, o que ajudou a compor a estética do material. “Enquanto a orquestra toca, um ônibus passa, a pessoa desce, ouve um pouco da música e segue para o seu trabalho. Era essa a interação que queríamos.” Disse.
            Dialogando com um dos maiores eventos esportivos mundiais, em julho a Orquestra Ouro Preto apresenta “A Rússia e o Brasil – A Música de Tchaikovsky e Villa-Lobos”. Em agosto, o diálogo será com a música do compositor mineiro Chico Mário no espetáculo “Ressurreição – Chico Mário 70 Anos”.
            Já em setembro, será a vez de “Quem Perguntou Por Mim: Orquestra Ouro Preto e Fernando Brant”. Há ainda espetáculo voltado para o público infanto-juvenil: em outubro, “O Pequeno Príncipe” é o ponto de partida da apresentação que usará o teatro de bonecos, a música de Tim Rescala e, claro, a regência de Rodrigo Toffolo numa apresentação que promete agradar todas as faixas etárias.
            Em novembro, o cinema ganhará destaque novamente com a orquestra tocando ao vivo durante a exibição do filme O Circo, de Charles Chaplin.
            E para encerrar a temporada 2018, os músicos da orquestra sobem ao palco para apresentar um emocionante Especial de Natal.
            No ano em que completa 18 anos de caminhada, a Orquestra Ouro Preto passará também pelo Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Farão parte da turnê nacional os espetáculos The Beatles Volume 2, Valencianas, Música Para Cinema e Pequeno Príncipe.
O Maestro Rodrigo Toffolo apresenta a Cerveja Orquestra Ouro Preto
Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
Antes de encerrar a apresentação das novidades da temporada, o maestro salientou a importância do crescimento da marca e anunciou o lançamento da Cerveja Orquestra Ouro Preto: “Isso aumenta esse diálogo com as pessoas mais jovens, pra ter a Orquestra em outras coisas...” A cerveja surgiu após uma parceria com a cervejaria Vinil e Rodrigo defende a ideia dessa expansão da marca: “Você chega em Viena, por exemplo, e traz de presente o Licor Mozzart”. Em tom de brincadeira, completa: “Se você tem o Licor Mozzart, não tem problema ter a cerveja Orquestra Ouro Preto... Nem a cachaça! Precisamos fazer um dia. Somos mineiros.”
            E para quem não é acostumado a cervejas fortes, uma boa notícia: o maestro ressalta que um de seus pedidos foi de que a cerveja fosse uma pilsen mais amena: “Eu gosto de uma cerveja, mas não consigo me adaptar ao gosto de uma cerveja muito forte. Então, pedi para que fosse uma cerveja mais suave para abranger um público maior.”
            Rodrigo ainda falou de um item que irá agradar os mais apegados à tecnologia: “Há um QRCode no rótulo da cerveja que direciona para a playlist da Orquestra no Spotify. Você pode tomar uma cerveja com os amigos enquanto escuta nossas músicas.”
            Com o fôlego mostrado na cerimônia de apresentação da programação 2018, a Orquestra Ouro Preto tem tudo para entrar em sua maioridade com o pé direito: boa música, bons projetos e a maturidade profissional de quem está sempre aberta ao diálogo.  

Dá para ser crítico sem ser chato: Uma rápida análise sobre a novela “O Outro Lado do Paraíso”



Jornalista defende história de Walcyr Carrasco


            Desde que estreou em 2017, a atual novela das nove da Globo, “O Outro Lado do Paraíso” tem dividido a opinião de críticos televisivos. Com o público, embora não haja unanimidade, a novela tem tido boa aceitação, prova disso são os expressivos números da audiência.
            “Boa audiência não resume qualidade” – diz constantemente um dos críticos que mais detona a novela de Walcyr Carrasco na internet. Pode ser, mas é um dos indicadores mais importantes, já que é a prova de que o público está assistindo e gostando.
            Um cineasta de quem não me recordo o nome no momento disse certa vez que a opinião do crítico conta, sim, mas entre este e o público, ele ficaria sempre ao lado do público, já que é este último quem paga os ingressos. Na TV não é tão diferente: o papel do crítico é importante, claro, mas é a vontade do público quem conta para o autor e a emissora que produz determinado produto.
            Há vários casos de novelas que não agradavam ao público e foram alteradas, passando a conquistar uma respeitável audiência. Walcyr Carrasco, aliás, sabe muito bem como se virar nestas situações. Em 2001, quando escreveu A Padroeira, fez diversas mudanças na trama que não havia conquistado os fãs – uma ironia, se pararmos para pensar que a novela era sobre um dos maiores símbolos do catolicismo em um país majoritariamente católico. Pois bem, feitas as alterações, a novela, cuja emissora havia pensado em encurtar seu tamanho, acabou sendo estendida, já que a produção de sua sucessora, Coração de Estudante, estava atrasada. A Padroeira pode ter sofrido o desgaste que toda obra televisiva de grande tamanho comumente sofre, mas terminou com um saldo positivo.
            Já que falei de sua sucessora, Coração de Estudante, vale salientar que ela também teve algumas alterações feitas para se adequar ao gosto do público e o processo surtiu efeito.
            Enfim, se alguém tem o poder de alterar o rumo de alguma obra como as novelas, esse alguém é o público, verdadeiro dono do controle remoto.
            Sobre os críticos, vale ressaltar que o papel primordial deles não é, por incrível que possa parecer a alguns, falar mal! Cabe ao crítico “traduzir” a obra para o público, ou seja, identificar a linguagem e a intencionalidade do autor e ajudar o público a compreendê-la. É claro que, neste contexto, o crítico pode deixar passar a sua impressão sobre determinado trabalho e tecer elogios ou falar mal de uma situação ou passagem exibida na obra analisada. O problema é quando o crítico se limita a apenas expor sua opinião, sem levar em consideração as qualidades do trabalho do autor e, em se tratando de O Outro Lado do Paraíso, isso tem acontecido com frequência.
            Alguns críticos têm apontado apenas as falhas da novela, sem levar em consideração os inúmeros méritos dela – o primeiro deles, aliás, foi o fato de manter e até aumentar a audiência do horário.
            Quando um autor de novelas substitui uma trama de sucesso, ele tem a difícil missão de manter o público saudosista da trama anterior ligado na nova história. A Força do Querer havia conseguido trazer um público que havia ficado escasso após as problemáticas Velho Chico e A Lei do Amor. Quando A Força... terminou, O Outro Lado... estreou com o horário em alta e, mesmo tendo percalços já na primeira semana – o 3º capítulo teve que ser remanejado de quarta para quinta-feira pois a Globo estava exibindo uma importante votação na Câmara dos Deputados – conseguiu manter o público interessado nas desventuras de Clara e demais personagens.
            Alguns críticos reclamaram também de que O Outro Lado... não tem causado nas redes sociais o mesmo burburinho de sua antecessora. Esqueceram, porém, que, assim como “boa audiência não é sinônimo de qualidade”, o fato de “causar burburinho na internet” não é sinônimo de audiência e vice-versa. E, principalmente, que uma obra para ser boa não precisa, necessariamente, causar polêmica ou tratar de temas espinhosos.
            A Próxima Vítima, um dos maiores êxitos da década de 1990, era centrada puramente em uma trama policial. A novela trouxe, claro, algumas abordagens sociais, como a questão dos menores abandonados e da homossexualidade de dois personagens, entre outros, mas isso, porém, não passou nem perto do enfoque central que eram os misteriosos assassinatos.
            A atual reprise do “Vale a Pena Ver de Novo”, Celebridade, também trouxe uma miscelânea de assuntos que acabaram desembocando no mais tradicional “Quem Matou?”. A vítima da vez era Lineu Vasconcelos e seu algoz... bem, assistam à reprise! Celebridade também tratou do alcoolismo e outros temas, mas seu enfoque não era esse.
            Assim, vale repetir, uma novela não precisa trazer temas polêmicos para ser boa e lembrada. Vamp, de Antônio Calmon e Uga-Uga, de Carlos Lombardi, não fizeram praticamente nenhum merchandising social e conquistaram seus respectivos públicos na década de 1990 e no começo da década de 2000. Vamp, aliás, tratava de um tema pouco comum na TV brasileira: vampiros! Uga-Uga, embora fosse mais realista, causou polêmica por outros motivos: o excesso de nudez e insinuação sexual em pleno horário das 19h. As duas, contudo, fizeram sucesso simplesmente por seus roteiros.
            A impressão que se tem com alguns críticos é que eles esqueceram de que as novelas tem, assim como o cinema, literatura, teatro ou música, o papel principal de entreter e que o merchandising social, embora seja muito bem-vindo, é um acréscimo dado à trama e não o seu objetivo final.
            Imagine os críticos de hoje comentando, no começo do século XX, o lançamento de Dom Casmurro, de Machado de Assis: “Mas é um absurdo esse livro. Onde já se viu lançar uma dúvida dessas sobre o leitor e não dar mais explicações sobre a idoneidade – ou não – de Capitu?” ou ainda: “E cadê os temas sociais que não estão inseridos neste livro?” E por aí vai...
            Pois é. Alguns críticos estão mais preocupados em achincalhar a obra de Walcyr Carrasco do que tentar aceitar e entender o sucesso da novela. Não é porque A Força do Querer trouxe temas importantes como a transexualidade, que O Outro Lado precisa abordar o mesmo tema. Não é porque Amor à Vida, também de Carrasco, trouxe um relacionamento estável entre dois homens, que lutavam para adotar uma criança, que O Outro Lado... precisa dar o mesmo enfoque ao tema da homossexualidade. Cada história é uma história.
            Aliás, os mesmos críticos que reclamam da falta de elementos de outras tramas em O Outro Lado... reclamam da repetição de ideias de Walcyr Carrasco na atual novela. Ora, reclamar que um autor repita suas ideias entre uma novela e outra chega a ser risível. Cada autor tem um estilo e tal estilo costuma ser reutilizado em diversas obras. O já citado Machado de Assis tinha como marca de seus protagonistas a obsessão: Bentinho era obcecado por Capitu, Brás Cubas era obcecado para ficar famoso, Quincas Borba tornara-se obcecado por sua filosofia de vida e o psiquiatra de O Alienista tornou-se tão obcecado por seu trabalho que, no fim, tornou-se o único interno de seu próprio hospício.
            Em novelas, isso é mais comum ainda: Desde meados da década de 1980, que Manoel Carlos traz uma Helena como protagonista de suas histórias. Como se não bastasse o nome, a atriz Regina Duarte defendeu o título três vezes: História de Amor (1995), Por Amor (1197) e Páginas da Vida (2006). Outra coisa curiosa nas novelas de Maneco são os títulos: História de Amor e Por Amor; Laços de Família e Em Família; Páginas da Vida e Viver a Vida... repetição simples ou estilo do autor?
            Com João Emanuel Carneiro, o estilo se dá pela desconstrução. Em suas novelas, há sempre uma família rica, aparentemente levando uma vida confortável, que se torna alvo de alguém invejoso que, após uma série de golpes, assume o controle dos bens de tal família. Com algumas variações, esse foi o mote central de Da Cor do Pecado (2004), Cobras e Lagartos (2006), A Favorita (2008), Avenida Brasil (2012) e A Regra do Jogo (2015). Aliás, uma cena que se tornou marcante na obra de João Emanuel Carneiro é a destruição que o vilão proporciona ao tomar posse dos bens de seus rivais. Leona (Carolina Dieckman), ao tomar posse da Luxus em Cobras e Lagartos, inicia um ritual de destruição da loja de luxo, que culmina com um incêndio no local. Flora (Patrícia Pillar), ao comprar o rancho que por décadas pertencera aos Fontini em A Favorita, começa a quebrar os vasos, simbolizando a ruptura com os antigos moradores.
            Ainda em se tratando de estilos Glória Perez, por vezes, abrangeu a cultura de dois – ou mais – países em suas tramas: O Clone (2001) foi focada no diálogo Brasil-Marrocos; América (2005) mostrava a ligação Brasil-EUA; Caminho das Índias (2009) era centrada na história de personagens que transitavam entre Brasil e Índia passando, por vezes, pelos EUA. Salve Jorge fechou, por enquanto, o ciclo internacional de Perez, sendo focada nas culturas de Brasil e Turquia. A bem-fadada A Força do Querer, embora não tenha explorado culturas internacionais, mostrou as diferenças de dois pontos do Brasil: o sudeste e o norte do país.
            Com Benedito Ruy Barbosa, fomos apresentados a um Brasil bem regionalista. Tramas como Renascer, O Rei do Gado e a já citada Velho Chico, mostravam o interior do país e eram focadas, basicamente, no homem do campo. Há ainda a interferência italiana nas obras do autor.
            Por fim, criticar Walcyr Carrasco por “repetir ideias” em sua novela seria o mesmo que desconsiderar tudo o que foi feito pelos autores citados nos parágrafos acima e dizer que tais repetições seriam erros – o que não acredito que seja mesmo - exclusivos de Carrasco.
            Em relação ao autor da novela das nove, vale salientar que seu estilo começa pelo jogo de palavras usado nos títulos: geralmente baseados em ditados populares, suas histórias passam da percepção comum do cotidiano para temas mais profundos. São exemplos de títulos com esses jogos de palavras O Cravo e a Rosa (2000), Chocolate com Pimenta (2003), Alma Gêmea (2005), Sete Pecados (2007), Caras & Bocas (2009), Morde & Assopra (2011), Verdades Secretas (2015) e, agora, O Outro Lado do Paraíso. Para entendermos a obra Carrasquiana, precisamos começar a análise pelo título: em todas as obras citadas acima há a existência de um paradoxo que será devidamente destrinchado no decorrer dos seus capítulos.
            Atentando-se, basicamente, a O Outro Lado do Paraíso, vemos, novamente, essa dicotomia de sentidos que enriquecem as obras de Walcyr Carrasco. A palavra Paraíso, aqui, pode ter dois sentidos: o primeiro é a própria denotação de “paraíso” como lugar sagrado, céu. Como me disse há alguns dias a cantora Marli Maciel, o outro lado do paraíso, ou seja, seu oposto é o próprio inferno. E não foi o “inferno” que Clara experimentou nos anos de confinamento no hospício? Além disso, Elizabeth, com sua falsa morte, e agora os mineiros soterrados não estão experimentando um pouco do inferno?
            Em outra conotação, podemos inferir como “paraíso” o cenário em que se passa a trama: as belas paisagens do Tocantins são como um pedaço do paraíso na terra e, no entanto, o que se mostra na novela é o outro lado disso: o lado ruim de pessoas ruins que tramam para conseguirem se dar bem à custa de tudo e de todos. Ou seja, Walcyr está mostrando aqui o outro lado daquele lugar tão bonito: o lado perverso formado pelas pessoas perversas, representadas na história por Sophia, pelo juiz, pelo delegado e tantos outros. Há uma menção a este “lado ruim” já na abertura, quando a natureza é mostrada às avessas com a água voltando para dentro da fonte ou a cachoeira que sobe, em vez de cair. Ao fim da abertura, a paisagem paradisíaca é transformada em uma paisagem árida, queimada, sombria, simbolizando, assim, o outro lado...
            Clara, personagem de Bianca Bin experimentou esse outro lado e voltou para se vingar. Esse é o mote da trama. Algo comum no universo carrasquiano e, nem por isso, pobre: Ana Francisca de Chocolate com Pimenta foi humilhada na juventude, voltou poderosa e disposta a se vingar. No meio da vingança, sofre um duro golpe e perde tudo, tendo que recomeçar do zero. O mesmo está para acontecer com Clara e o mesmo aconteceu com outras heroínas de Walcyr: Cecília penou para viver seu amor com Valentim em A Padroeira. Catarina lutou para se impor em uma sociedade machista e, ao mesmo tempo, viver seu amor com Petruchio em O Cravo e a Rosa e Serena teve que se adaptar a uma nova vida para entender sua missão em Alma Gêmea. Todas foram da glória ao caos e de novo à glória em suas tramas.
            Outro ponto positivo nas obras de Walcyr é que ele nunca termina em um lugar comum. Denis, personagem de Marcos Pasquim em Caras & Bocas, era um sujeito boa praça que se deixa levar pela fama e passa a falsificar quadros. A maioria dos autores terminaria a novela no ponto em que ele é desmascarado e preso. Agradaria ao público e aos críticos com sua justiça! Carrasco, porém, preferiu explorar um lado avançado do personagem: ele é preso, paga por seus crimes e volta à sociedade para ter uma nova chance.
            O mesmo acontece com Félix, de Mateus Solano em Amor à Vida: ele foi o pior vilão da história, mas não teve seu encerramento decretado na cena em que foi desmascarado: foi além, desceu ao inferno e purgou todo o caminho de volta, com direito a final feliz.
            Não que eu defenda veementemente a ideia de uma inversão de papeis em toda obra, com mocinho virando vilão e vice-versa, mas, para fins de entretenimento, isso é ótimo para livrar a novela de ser repetitiva.
            Além disso, tal fato torna os personagens de Walcyr mais humanos: os protagonistas não são 100% bom ou 100% mau, mas moldam seu caráter de acordo com as necessidades. E, na vida real, não é assim que acontece?
            É claro que há, também, os genuinamente bons ou maus. No caso de O Outro Lado do Paraíso, personagens como Sophia, o juiz e o delegado preenchem o requisito dos vilões-mor. Para fins de dramaticidade, isso é essencial e Walcyr sabe muito bem como fazê-lo.
            Em relação a possíveis erros em O Outro Lado... eles não são maiores ou piores do que os de suas antecessoras ou de qualquer obra extensa como uma novela ou série de TV que se arraste por meses ou temporadas. A própria Glória Perez teve que explicar que era possível, sim, que Ivana estivesse grávida de Cláudio, já que eles haviam feito sexo depois da passagem de tempo e não antes – o fato gerara confusão em parte do público de A Força do Querer. Também Manoel Carlos teve que usar números estatísticos para justificar a rápida gravidez de Helena para salvar Camila em Laços de Família e por aí vai. Se querem erros mais explícitos na trama de Carrasco, posso citar a capa de It, de Stephen King, que Lívia lê nos primeiros capítulos. A novela se passava em 2007 e tal capa pertence a uma edição lançada em 2013. Isso diminui a qualidade da novela? Nunca!
            Portanto, dizer que O Outro Lado... é uma obra menor por conta de erros, não justifica a crítica em si, é apenas uma desculpa para expor o ego inflado do crítico. Um dos críticos teve o desplante de dizer essa semana que a personagem de Juliana Caldas foi “reduzida a uma versão tosca de Escolinha do Professor Raimundo”. Ora, em nenhum ponto as cenas de Estela como professora, a fizeram uma personagem pior ou desvalorizada. Ao contrário, coube a Estela uma das melhores e mais bonitas missões da novela: alfabetizar os adultos que não tiveram essa oportunidade na infância (olha o Walcyr fazendo merchandising social sem precisar lançar mão do estardalhaço). Se o crítico não soube enxergar a nobreza em se alfabetizar prostitutas e mineradores desvalidos, o problema está na percepção dele e não do autor.
            Outra crítica feita outro dia, comparava a atual novela das nove com Malhação: Viva a Diferença. Um crítico limava a obra de Walcyr e exaltava a trama infanto-juvenil.
            Realmente, Cao Hamburger fez um trabalho majestoso com Malhação, mas comparar as duas tramas apenas por serem contemporâneas, seria o mesmo que comparar o livro com o filme. Não dá! São obras diferentes para públicos diferentes. Embora alguns temas sejam semelhantes – a homossexualidade abordada em Malhação e O Outro Lado..., por exemplo – o enfoque será sempre diferente. Qual deles está certo e qual deles está errado? Nenhum! São apenas pontos de vista diferentes sobre o mesmo tema. Não havendo preconceito ou incitação ao ódio, não há problema na discordância do tema.
            E se é para falar em pequenos erros, a finada temporada de Malhação cometeu, ao menos, três deles em seus derradeiros capítulos: o primeiro deles foi no capítulo exibido em 14 de fevereiro: durante a prova do Enem, o relógio na parede da sala de aula marcava 10h44, porém, a prova do Enem começa a ser aplicada após o meio-dia! No mesmo capítulo, perto do fim, o personagem Roney decide ensinar Tato, que recém-completara 18 anos, a dirigir. Há três problemas aqui: o primeiro é que Roney não era instrutor de autoescola e nem o carro era apropriado para tal função. O terceiro problema é que a última cena do capítulo mostra Tato dirigindo por uma movimentada via de São Paulo durante um razoável período de tempo. Ora, qualquer um em sã consciência sabe que, para se aprender a dirigir é necessário, antes, passar por aulas de legislação e, só então, começar as aulas de direção com profissional e veículos capacitados. Embora aconteça na prática, qualquer caso que fuja a essa regra pode ser considerado crime de trânsito e a novela, que até então prezara por um discurso politicamente correto de seus protagonistas, mostrou a cena e não criou nenhuma punição para os envolvidos nesta “pequena” infração. Outro erro foi o final de Malu: ela forjou notícias falsas – em uma época que tal prática é constantemente refutada por veículos de comunicação –, pôs em risco as vidas de Benê e Dóris e... termina impune viajando para fora do país. A fuga de Reginaldo Faria em Vale Tudo (1988/89) tornou-se icônica, mas usar tal argumento em uma novela voltada para o público infanto-juvenil parece reforçar a ideia de que o crime compensa. O famoso “dá nada pra mim” tão difundindo entre adolescentes infratores.
            Ainda na linha de “repetição de ideias” em que um crítico reclamou do segundo golpe da barriga sofrido pelo personagem Bruno (Caio Paduan) em O Outro Lado do Paraíso, o fato também foi usado repetidamente em Viva a Diferença: Tato foi pai duas vezes sem ter sido! A primeira, quando assumiu o filho de Keyla, apenas porque quis – Ok, ele era um bom moço – a segunda, quando K2 mentiu que estava grávida. Se não houve golpe da primeira vez, houve da segunda...
            O mesmo pode ser dito das duas falsas mortes dos amados de Maria Vitória em Tempo de Amar: ela se envolveu com Vicente, pois achou que Inácio estava morto e agora pode se envolver com Inácio, pois acha que Vicente sucumbiu ao acidente no mar... Que coisa, não?
            Tais erros, porém, diminuíram a qualidade e os avanços propostos por Viva a Diferença? Não! Podem ter tido seus pesos, mas não abafou o mérito de Cao Hamburger. O mesmo vale para Alcides Nogueira e Tempo de Amar.
Assim, percebemos que lapsos textuais, de continuidade ou de situações são propensos a acontecer com qualquer autor, que dirá com o mais produtivo da Globo. Contratado em 2000 com O Cravo e a Rosa, Walcyr Carrasco tem emplacado uma novela a cada um ano e meio praticamente. Já são dezoito anos na emissora e uma coleção de bons títulos, que percorreram os horários das seis, sete, nove, onze, faixa das minisséries e, claro, o Vale a Pena Ver de Novo, afinal, se tem uma coisa que Walcyr sabe fazer é escrever uma boa história, cheia de reviravoltas, de confrontos entre protagonistas e de tipos que conquistam o público.
São deles, aliás, algumas das cenas mais emblemáticas da teledramaturgia nacional: de Xica da Silva desfilando nua na Manchete a Félix e Niko dando o primeiro beijo gay em horário nobre da Globo, passando por Bernadete se descobrindo Bernardo na faixa das 18h, entre tantas outras...
Tais cenas mostram a inteligência, versatilidade e a aproximação do autor com seu público. Então, se o público está feliz, cabe a nós, os críticos, engolirmos o orgulho e aceitar que, sim, Walcyr é um dos maiores e melhores autores de sua geração. É claro que nem todos precisam gostar da obra de um determinado autor, mas desconsiderar seu histórico e seus pontos positivos para apenas falar mal do que não se gosta, é descambar para a simples e boba perseguição. E isso não é nem nunca foi papel do crítico.
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            Para se inteirar mais sobre novelas, sugiro as colunas de Duh Secco no site TV História. Lá você encontra curiosidades, fatos sobre a TV críticas inteligentes.