domingo, 8 de fevereiro de 2015

O DER TENTOU COPIAR A BH TRANS... E FALHOU MISERAVELMENTE

O DER TENTOU COPIAR A BH TRANS...
... E FALHOU MISERAVELMENTE
Antônio Pedro de Souza
A BHTRANS (empresa que cuida do trânsito em Belo Horizonte) não é uma boa empresa. Longe disso. Possui falhas como qualquer outra. Mas ao compararmos algumas ações tomadas pela autarquia belo-horizontina e sua “similar” que atua na região metropolitana da capital, podemos ver claramente a competência de uma e a incompetência da outra. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) que atua na Região Metropolitana de Belo Horizonte vêm falhando cada vez mais com a população. E a tendência é piorar.
No fim da década de 1990, a BHTrans instalou o sistema de Estações Rodoviárias em Belo Horizonte. O sistema começou falho, mas com o tempo mostrou maturidade e hoje, podemos dizer que é um bom exemplo de transporte público. Um passo dado no escuro foi o MOVE, mas o sistema têm amadurecido nos últimos meses e mostra uma leve melhora. Quanto às estações, o grande acerto foi a chamada integração das passagens: se você pega um ônibus circular (bairro – estação), você paga uma parte da passagem. Na estação, caso você pegue o ônibus para um outro bairro, não há acréscimo. Caso pegue o ônibus para o Centro de BH, o passageiro apenas paga um complemento da tarifa. Nota: A integração pode ser feita através do cartão BHBUS ou de dinheiro. NÃO HÁ DIFERENÇA.
Com o DER a história é totalmente diferente. A integração existe, mas apenas para quem usa o cartão ÓTIMO (o “concorrente” do BHBUS). Caso o passageiro não tenha o “Ótimo” deve pagar duas passagens para correr a mesma distância em que, antes das estações, pagava somente uma.
Outro ponto negativo nas estações do DER é que a integração só ocorre com os ônibus circulares/MOVE e vice-versa. Caso você pegue um circular até a estação e precise de outro circular, desembolsa mais uma passagem na íntegra.
Na prática, é mais caro se deslocar dentro de Vespasiano, por exemplo, do que de Vespasiano para Belo Horizonte. Veja o caso a seguir: Caso o passageiro pegue a linha 5715 (Gávea II – Terminal Morro Alto) e utilize o cartão Ótimo, ele vai pagar R$3,95 no circular e, ao chegar à estação, paga R$0,20 para pegar o MOVE que o levará a Belo Horizonte, totalizando R$4,15. Na volta, o mesmo ocorre. Assim, ele terá gastado R$8,30 para ir e voltar de Vespasiano a Belo Horizonte. Agora, caso o usuário pegue a linha 5715 até a estação (pagando R$3,95) e, ao chegar lá, precise pegar outro circular até o bairro Nova York (ainda em Vespasiano) pagará neste segundo ônibus mais R$3,95. Na volta, o mesmo ocorre. Assim, o usuário terá desembolsado R$15,80 para simplesmente circular dentro de Vespasiano!
A situação piora caso o passageiro não tenha o cartão Ótimo, já que, neste caso, cada ônibus que ele pegar (independente de ser circular ou MOVE) desembolsará R$4,15 cada vez que girar a roleta.
Para quem mora nas cidades de Pedro Leopoldo, São José da Lapa e Lagoa Santa, o caso é ainda mais grave, já que as tarifas são maiores.
Isto mostra um total despreparo do Governo do Estado, dos prefeitos dos municípios envolvidos e, claro, da direção do DER, que se mostram interessados em lucros desonestos em cima da luta de trabalhadores e estudantes que utilizam o transporte público diariamente.
A solução é fácil, já que basta adequar o layout das estações e os computadores das catracas para que as integrações ocorressem de maneira honesta e não da forma abusiva como ocorre hoje.
O que a BHTrans fez há quase vinte anos, o DER tentou imitar e falhou miseravelmente.
Agora, um ponto negativo tanto para a empresa de BH quanto para a da Região Metropolitana: tudo bem que são empresas diferentes, mas... por que não unificar os cartões BHBUS e ÓTIMO? A maior parte das pessoas que utilizam um, utilizam também o outro. Seria uma maneira inteligente e até econômica. E não só para os usuários, mas para as empresas que, muitas vezes pagam a passagem de seus funcionários e são clientes fieis da BHTRANS e do DER.

Facilitaria a vida de todos, mas não é isso que políticos corruptos querem, não é mesmo?  

domingo, 1 de fevereiro de 2015

DESCENTRALIZAÇÃO

DESCENTRALIZAÇÃO
Antônio Pedro de Souza

            Vivemos um momento diferenciado em nossa vida em sociedade. Nos últimos dez anos, percebemos de maneira lenta, porém constante, uma descentralização. Seja no poder, na educação, ou em coisas corriqueiras do dia-a-dia.
            É um processo novo, inverso do que ocorreu em décadas passadas, em que a tendência era centralizar. Peguemos como exemplo nossas cidades: o comum, na metade do século XX, era levar tudo para o centro dos municípios, fazendo com que os bairros mais afastados tivessem a utilidade – e a característica – de dormitórios. Escolas, lojas, hospitais e toda uma gama de serviços passou a ser concentrada nos centros das cidades.
            O mesmo ocorreu com cidades das chamadas regiões metropolitanas, que viam em suas capitais ou cidades-polo o “seu centro”. Era apenas o primeiro passo para que a população também migrasse.
            A oferta de serviços e o relativo conforto fez com que a população procurasse sair dos bairros e fosse para a área central das cidades.
            Os centros começaram a ficar cheios, saturados e a população continuou crescendo. Aí deu-se o movimento inverso: os bairros passaram a ser atraentes pois ofereciam mais conforto, mais tranquilidade, longe da bagunça e do barulho dos centros.
            As pessoas passaram a ver os bairros como um refúgio à loucura e aos altos preços das cidades. O mesmo ocorreu com cidades das regiões metropolitanas, que prometiam mais conforto e qualidade de vida que as capitais.
            As pessoas voltaram a migrar, desta vez, para longe dos centros.
            Há aproximadamente quinze anos, na virada do século, os bairros mais afastados começaram, aos poucos, a oferecer serviços que antes só conseguíamos nos centros: escolas, comércios, postos de saúde. Um aqui, outro ali, ainda tímidos. Há uns dez anos a coisa foi se intensificando e hoje temos uma gama quase tão grande quando a da área central.
            Estamos no meio desse processo que é contínuo, aumenta a cada ano e é marcado seja por Secretarias e Sedes de Governo que são construídas nos limites da Capital, seja por estações de ônibus que tiram o excesso de veículos do centro das cidades.
            O que acontecerá daqui pra frente é uma incógnita: daqui a cinquenta anos faremos um novo caminho rumo ao centro e depois de volta aos bairros e assim será num vai e vem infindável, ou será um movimento definitivo trazendo assim uma “Central da Periferia” como já alardeava Regina Casé anos atrás em um programa de tv.
            Haverá novas áreas de escape quando os bairros se tornarem novos centros?
            Haverá novos centros quando as áreas centrais se tornarem os novos bairros?