STEPHEN
KING: DA LITERATURA AO CINEMA
Parte
1
UM DOS AUTORES mais populares das últimas décadas é, sem
dúvida, Stephen King. Desde o seu primeiro romance, “Carrie”, King já dava
mostras do estilo literário que o consagraria nos anos seguintes: terror
psicológico, terror sobrenatural e dramas familiares.
Praticamente, todas as suas obras possuem os elementos
acima citados. Embora seja classificado como um “autor de suspense e terror”,
King vai além, apresenta elementos que ultrapassam os limites do “simples
sobrenatural” e penetra no psicológico. Ao observarmos com atenção suas obras,
percebemos que o terror acaba ficando em segundo plano. Conflitos familiares, bullyng
e problemas sociais são os destaques de seus textos.
É claro que, transferir esses elementos para o cinema e a
tv poderia ser complicado e, talvez, perigoso. São elementos que, geralmente,
são difíceis de serem entendidos e, por isso, poderiam não trazer o sucesso
almejado para as produções audiovisuais.
Desta forma, nas adaptações o terror prevalece.
Selecionei algumas obras literárias de SK que foram adaptadas para a telona (ou
telinha) e vou apresentá-las, semanalmente aqui. Sugestões são bem vindas.
Pra começar:
CUJO:
DE COMO UM SIMPÁTICO SÃO BERNARDO SE TRANFORMOU NO CÃO DO DIABO
Cães são animais fofos. Crianças são seres fofos. Quando
um filme reúne cães e crianças, a diversão é garantida. Geralmente são “filmes
família”, nos quais o riso está presente dos créditos iniciais aos créditos
finais.
Mas se a obra em questão tiver saído da mente criativa e
psicótica de Stephen King, provavelmente as cenas não serão, assim, tão
“família”.
No caso de CUJO, livro que SK escreveu em princípios dos
anos 1980 e que virou filme, pelas mãos do diretor Lewis Teague, em 1983 a teoria se
confirma.
Tudo começa quando um simpático São Bernardo (anos-luz
antes de Beethoven se transformar no mascote que toda família gostaria de ter)
persegue um também simpático coelho por um – droga, por que não dizer,
simpático jardim? – É isso aí. Tudo no começo do filme é simpático: o cenário,
a luz, a trilha sonora, o coelho, o cachorro...
O cão segue atrás do coelho até um tronco oco, passa por
um laguinho e ambos chegam à uma caverna. Lá, um morcego morde o cachorro. A
simpatia termina aí.
Lentamente, e sem que a família perceba, o cão vai se
modificando. A mordida do morcego lhe transmitiu raiva e ele vai ficando
agressivo e... gosmento.
Paralelo a isso, uma segunda família aparece na história:
um jovem casal com um filho pequeno, leva o carro para o dono de Cujo
consertar. A criança se afeiçoa por “Cujo pós-mordida mas ainda pré-raiva”.
À medida que Cujo vai se transformando, essa segunda
família também se modifica: é descoberto um caso extraconjugal da esposa.
Com o casamento por um fio, outro problema se abate sobre
o patriarca: a empresa para a qual trabalha sofre uma crise financeira e ele
deve viajar imediatamente. É a deixa para o mal presente nas obras de King
agir.
Temos aí o conflito familiar, o conflito psicológico,
faltava o terror – praticamente – sobrenatural.
Com o marido viajando, a mulher leva o carro até o
conserto. Chegando lá, é recebida por ninguém menos que... Cujo. O cão parece
possuído por uma força maligna, muito além da raiva transmitida pelo morcego.
O ex-simpático São Bernardo ataca o carro de todas as
formas possíveis, fazendo com que mulher e filho se tornem seus reféns.
Vários dias se passam e a polícia começa a investigar o
sumiço dos dois.
O final... bom, veja o filme. Ah! E leia o livro. Você
vai entender como o simpático São Bernardo se transforma lenta e gradativamente
no cão do diabo...
-Próxima Quarta:
Carrie