quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

STEPHEN KING: DA LITERATURA AO CINEMA Parte 1 - CUJO: DE COMO UM SIMPÁTICO SÃO BERNARDO SE TRANFORMOU NO CÃO DO DIABO

STEPHEN KING: DA LITERATURA AO CINEMA
Parte 1
            UM DOS AUTORES mais populares das últimas décadas é, sem dúvida, Stephen King. Desde o seu primeiro romance, “Carrie”, King já dava mostras do estilo literário que o consagraria nos anos seguintes: terror psicológico, terror sobrenatural e dramas familiares.
            Praticamente, todas as suas obras possuem os elementos acima citados. Embora seja classificado como um “autor de suspense e terror”, King vai além, apresenta elementos que ultrapassam os limites do “simples sobrenatural” e penetra no psicológico. Ao observarmos com atenção suas obras, percebemos que o terror acaba ficando em segundo plano. Conflitos familiares, bullyng e problemas sociais são os destaques de seus textos.
            É claro que, transferir esses elementos para o cinema e a tv poderia ser complicado e, talvez, perigoso. São elementos que, geralmente, são difíceis de serem entendidos e, por isso, poderiam não trazer o sucesso almejado para as produções audiovisuais.
            Desta forma, nas adaptações o terror prevalece. Selecionei algumas obras literárias de SK que foram adaptadas para a telona (ou telinha) e vou apresentá-las, semanalmente aqui. Sugestões são bem vindas.
            Pra começar:
CUJO: DE COMO UM SIMPÁTICO SÃO BERNARDO SE TRANFORMOU NO CÃO DO DIABO
            Cães são animais fofos. Crianças são seres fofos. Quando um filme reúne cães e crianças, a diversão é garantida. Geralmente são “filmes família”, nos quais o riso está presente dos créditos iniciais aos créditos finais.
            Mas se a obra em questão tiver saído da mente criativa e psicótica de Stephen King, provavelmente as cenas não serão, assim, tão “família”.
            No caso de CUJO, livro que SK escreveu em princípios dos anos 1980 e que virou filme, pelas mãos do diretor Lewis Teague, em 1983 a teoria se confirma.
            Tudo começa quando um simpático São Bernardo (anos-luz antes de Beethoven se transformar no mascote que toda família gostaria de ter) persegue um também simpático coelho por um – droga, por que não dizer, simpático jardim? – É isso aí. Tudo no começo do filme é simpático: o cenário, a luz, a trilha sonora, o coelho, o cachorro...
            O cão segue atrás do coelho até um tronco oco, passa por um laguinho e ambos chegam à uma caverna. Lá, um morcego morde o cachorro. A simpatia termina aí.
            Lentamente, e sem que a família perceba, o cão vai se modificando. A mordida do morcego lhe transmitiu raiva e ele vai ficando agressivo e... gosmento.
            Paralelo a isso, uma segunda família aparece na história: um jovem casal com um filho pequeno, leva o carro para o dono de Cujo consertar. A criança se afeiçoa por “Cujo pós-mordida mas ainda pré-raiva”.
            À medida que Cujo vai se transformando, essa segunda família também se modifica: é descoberto um caso extraconjugal da esposa.
            Com o casamento por um fio, outro problema se abate sobre o patriarca: a empresa para a qual trabalha sofre uma crise financeira e ele deve viajar imediatamente. É a deixa para o mal presente nas obras de King agir.
            Temos aí o conflito familiar, o conflito psicológico, faltava o terror – praticamente – sobrenatural.
            Com o marido viajando, a mulher leva o carro até o conserto. Chegando lá, é recebida por ninguém menos que... Cujo. O cão parece possuído por uma força maligna, muito além da raiva transmitida pelo morcego.
            O ex-simpático São Bernardo ataca o carro de todas as formas possíveis, fazendo com que mulher e filho se tornem seus reféns.
            Vários dias se passam e a polícia começa a investigar o sumiço dos dois.
            O final... bom, veja o filme. Ah! E leia o livro. Você vai entender como o simpático São Bernardo se transforma lenta e gradativamente no cão do diabo...
-Próxima Quarta: Carrie