Alfred Hitchcock pode ser visto de relance, próximo a uma banca de revistas, aos 64 minutos do filme
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Assim
como em “Assassinato”, a trama de “Sabotador” começa com uma falsa acusação; a
partir daí, um homem faz uma saga pelos EUA para provar sua inocência
Robert Cummings estrela este filme já
pertencente à fase americana de Alfred
Hitchcock lançado em 1942. Durante a Segunda Guerra Mundial, Barry Kane
(Cummings) trabalha em uma fábrica de aviões em Los Angeles e testemunha um incêndio
no local. Um amigo de Barry, também funcionário da fábrica, tenta controlar o
fogo quando é vítima de uma violenta explosão. Não demora muito para a perícia
descobrir que o extintor usado havia sido sabotado: em vez de água, havia
gasolina em seu interior. A explosão causa a morte do amigo de Kane e torna o
rapaz o principal suspeito do crime.
Disposto
a provar sua inocência, Kane parte em uma jornada pelo país à procura de Frank
Fry (Norman Lloyd), homem misterioso com quem havia cruzado mais cedo e de quem
recebera o extintor fatal. A única pista que Kane dispõe para encontrar Frank é
um envelope que ele pegara no refeitório, quando tivera seu encontro com o
verdadeiro assassino.
Paralelo
a isso, a polícia e a imprensa passam a divulgar informações sobre Barry, que
passa a ser visto como inimigo nº 01 do país. Em sua busca, o rapaz chega a uma
casa praticamente isolada, onde vive um homem cego, que percebe o verdadeiro
caráter de Barry. A partir daí, a neta deste homem, a jovem Pat Martin (Priscilla
Lane) passa a acompanhá-lo – inicialmente, a contragosto – em sua busca por
justiça.
Barry Kane recebe a ajuda de um homem que vive isolado e acredita no caráter do rapaz
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Hitchcock
reserva bons momentos ao espectador durante a projeção de Sabotador, mostrando um pouco da rotina da classe trabalhadora dos
EUA, em contraponto à rotina da classe alta: no caminho de Barry Kane cruzam
caminhoneiros, artistas de circo e milionários com suas mansões e propriedades
gigantescas. Cada um, a seu modo, ajudará ou atrapalhará os planos do rapaz em
provar sua inocência.
Em
um determinado momento, o rapaz fica muito perto de toda a verdade, mas como
conseguir prová-la com o pouco poder que tem? A saga de Barry e Pat, que a essa
altura já se apaixonara por ele, termina em Nova York, numa sequência
eletrizante na Estátua da Liberdade.
A épica cena final, na Estátua da Liberdade
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Vale
a pena se atentar para uma tomada especial exibida segundos antes: enquanto Fry
pega um táxi rumo à estátua, um barco pode ser visto afundando. Alfred
Hitchcock filmou o naufrágio do Normandie
no píer de Nova York e usou as imagens em seu filme.
O naufrágio real do Normandie foi filmado por Hitchcock e usado no filme Sabotador, apesar do pedido da Marinha Americana para a cena ser excluída
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Em
meio à Segunda Guerra Mundial as suspeitas do naufrágio recaíam sobre os
nazistas; enquanto outras fontes sugeriam ser a máfia, pressionando assim o Governo
dos EUA a contratá-la para se proteger do próprios nazistas. Independente de
quem tenha realmente afundado o navio, o fato é que mostrar um naufrágio real
em um filme poderia tornar a situação do país ainda mais delicada, em meio ao
caos que imperava no mundo naquele ano. A Marinha Americana pediu que a cena
fosse excluída, mas Hitchcock a manteve na edição final.
O
fato é que Sabotador consegue recriar
o clima de paranoia coletiva muito comum em épocas de tensões extremas: o
atentado a Pearl Harbor havia acontecido em dezembro de 1941, ainda quente na
memória americana. Todo o enredo traz elementos de suspeita, mistério, desde a
primeira cena, com direito ao vulto de um homem sobre um fundo branco. Enfim, Sabotador também pode ser considerado como
um típico filme de espião, embora não se prenda somente a esse rótulo.
Robert Cummings e Priscilla Lane não foram as primeiras opções de Hitchcock para o filme, mas a força do estúdio prevaleceu sobre a escolha
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De
acordo com o crítico Humberto Pereira da Silva, o próprio diretor ficou descontente
com alguns rumos que o filme tomou: alguns pontos de sua liberdade criativa
foram tolhidos, incluindo aí a escolha de atores. Cabe ressaltar, porém, que
quando se trata em defesa da liberdade e da democracia, Sabotador continua como um dos filmes mais atuais do cinema
hitchcockiano.
Importante: Não confundi-lo com Sabotagem, também de Hitchcock, gravado
em 1936, na Inglaterra.
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Universal/Divulgação
Ficha
Técnica:
Título Original:
Saboteur
Ano de Produção:
1942
País de Produção:
EUA
Roteiro Original: Peter
Viertel
Jon Harrison
Dorothy Parker
Assistente de Direção: Fred
Frank
Direção de Arte:
Jack Otterson
Direção de Som:
Bernard B. Brown
Edição:
Otto Ludwig
Elenco:
Robert Cummings – Barry Kane
Priscilla Lane – Pat Martin
Otto Kruger – Tobin
Alan Baxter – Freeman
Clem Bevans – Neilson
Norman Lloyd – Fry
Alma Kruger – Sra. Sutton
Vaughan Glazer – Sr. Miller
Dorothy Peterson – Sra. Mason
Situação:
Disponível em DVD e BD pela distribuidora Universal. Também em BD no box Hitchcock – A Obra Prima, pela
distribuidora Universal.