sexta-feira, 12 de maio de 2017

[MEMÓRIA AFETIVA] “Por Amor” e os acontecimentos de 1997/1998

Rede Globo/Divulgação

Chuva de meteoros, clone, Natal sem luz, viagens e outros fatos que lembrei ao assistir aos primeiros capítulos da novela no canal Viva

Estreou na última segunda-feira (8), no canal de TV por assinatura Viva, a novela Por Amor. Sucesso de público e crítica quando foi ao ar pela primeira vez, cerca de vinte anos atrás, a novela ainda se mostra atual, com uma história convincente e forte. Bastaram apenas alguns capítulos para que uma enxurrada de memórias me invadisse e, por isso, resolvi escrever este texto, com algumas das lembranças pessoais (outras, públicas) do que me aconteceu na ocasião em que a novela foi exibida.

Cronologia:
Antes de falar um pouco sobre minhas memórias pessoais de Por Amor, vamos relembrar a cronologia da novela. Escrita por Manoel Carlos, a novela das oito substituiu A Indomada, de Aguinaldo Silva. Quem não tinha medo do cadeirudo que aterrorizava as mulheres em noites de lua cheia? Depois de uma novela repleta de realismo fantástico, Manoel trouxe aquele clima poético que suas novelas tinham. O romance e a poesia da obra de Maneco, porém, encontravam um concorrente à altura: os barracos. Impagáveis em Por Amor, os barracos se alternavam entre os mais diversos personagens capítulo após capítulo. Por serem bem orquestrados pelo autor, diretor e elenco, porém, eles aumentavam a qualidade da novela, em vez de fazê-la uma obra apelativa. Nos quatro capítulos exibidos essa semana no Viva, já tivemos um barraco entre Maria Eduarda e Branca, Maria Eduarda e Helena e Maria Eduarda e Laura (até o momento, o melhor: com direito a empurrão na piscina e jornal na cara). Para hoje, estão previstos mais um da Maria Eduarda (vixi! A moça gosta de um barraco) e seu pai. Tivemos ainda “mini-barracos” entre Branca e Milena, Nestor e Catarina e Lídia e Orestes. As recordistas de briga, no entanto, serão mesmo Branca e Laura. A primeira irá brigar com praticamente todo o elenco da novela. A segunda terá como vítima preferida a Maria Eduarda, sem dispensar, claro, os demais personagens.
Após a bem sucedida e, até certo ponto calma, história de Manoel Carlos, viria a controversa história de Sílvio de Abreu: Torre de Babel (também em exibição pelo Viva até o começo do próximo mês). Na linha do sucesso policial que fora A Próxima Vítima três anos antes (1995), Torre de Babel causou espanto no público por conta da sua violência nos capítulos iniciais: nos cinco primeiros minutos o, até então, pacato Tony Ramos, assassina a esposa e um dos amantes de maneira brutal. No fim do primeiro capítulo, bandidos invadem a casa de César e Marta atirando e fazendo reféns. A novela passou por um remodelada, ganhou uma suavizada e se sagrou como um grande sucesso dos anos 90...
A partir de agora, falarei (finalmente) das lembranças que guardo daquela época. Se o leitor também divide de uma (ou mais) destas lembranças, fique à vontade para entrar em contato.

Um Ano Especial:
Por diversos motivos, 1997 foi um ano especial para mim. Assim como foram especiais os anos de 1994, 2000, 2002, 2006, 2007, 2011, entre outros. São anos marcados por uma série de acontecimentos que hoje me fazem olhar para trás com aquele gostinho de saudade e a sensação de “dever cumprido”. Por partes, elenco-os a seguir:

Viagens:
Em 1997, conheci a terra do meu bisavô materno: nas proximidades de Belo Vale (MG). A viagem aconteceu no meio do ano (antes da estreia de Por Amor), mas marcou minha infância.
Em dezembro do mesmo ano, conheci a terra do meu pai, a cidade de Tauá (CE). À época, Por Amor já estava no ar há dois meses.
Coincidentemente, voltei ao Ceará em dezembro de 2002 (até agora, minha última visita à terra de Iracema), quando Por Amor era reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Em 2011, quando a novela foi exibida no Viva pela primeira vez, quem esteve em Tauá foi minha mãe... será que rola mais uma viagem este ano???

TV e Cinema:
Em 1997 e 1998, a TV e o cinema exibiram boas produções. Mais ou menos naquela época da minha viagem a Belo Vale, a Globo exibiu a minissérie A Fera do Mar, que depois virou filme e foi reexibido diversas vezes na Sessão da Tarde. Assisti aos quatro capítulos com euforia, embora estivesse passando muito mal no último capítulo. Foi também no dia do último capítulo de A Fera do Mar que consegui assistir, pela primeira vez, Brinquedo Assassino 3, em uma das várias exibições do Cinema em Casa.
No fim do ano, enquanto estava no Ceará, o filme Parque dos Dinossauros foi exibido dentro da programação de fim de ano da Globo. Em 25 de dezembro foi a vez do Especial de Natal do Cocoricó (TV Cultura – não vi porque não estava em casa) e em 1º de janeiro o Menino Maluquinho foi exibido pela primeira vez na TV aberta. Aquele mês de dezembro ainda foi marcado pela minissérie Guerra de Canudos, pelo filme Forrest Gump – O Contador de Histórias, pelo especial Amigos e até um especial de TV da Angélica: Alice no País da Música, seguido pelo Vídeo Show Especial, na noite de 31 de dezembro. Não havia ainda o Show da Virada...
Em 19 de dezembro daquele ano nos EUA (e 18 de janeiro de 1998, no Brasil) acontecia o lançamento do filme Titanic (leiaaqui a matéria especial que fiz para o site Feira Cultural).  O filme se tornou um dos assuntos mais comentados da época.
Em meados de 1998 nasceu Sacha, filha da Xuxa, que também ganhou destaque na mídia nacional.

Natal inusitado e a onda dos presentes baseados em programas de TV...
Meu Natal de 1997 foi, no mínimo, inusitado: cheguei de viagem no dia 24 de dezembro pela manhã e fomos convidados por minha avó materna para passarmos a noite na casa dela (já que não teríamos tempo hábil de fazer uma ceia). Aceitamos o convite e, pela primeira vez desde 1991, não passei o Natal em Vespasiano (isso aconteceria de novo em 2002, quando passei o Natal no Ceará – olha a coincidência das datas aí de novo!).
O mais engraçado é que, quando a casa já estava toda pronta para a festa, uma chuva ocasionou uma falta de energia e passamos a noite... no escuro! Foi divertido. O triste foi constatar, ao voltar para casa dois dias depois, que meu videocassete havia sido danificado (pela mesma série de eventos desencadeados na hora da tempestade)...
Outro fato curioso daquele Natal: os presentes derivados de programas de TV. Meus avós deram para mim e para minhas primas os bonecos de pelúcia inspirados nos infantis Bananas de Pijamas e TV Colosso. O meu era uma pulga azul (idêntica à da TV) que guardo com carinho até hoje.

Ciência e Folclore:
Em 1997 aconteceu a clonagem da ovelha Dolly. O assunto causou uma polêmica danada sobre os limites éticos do homem em relação à vida.
Mais ou menos nessa época veio a “explosão” da lenda do Chupa-Cabra. Criatura que atacava rebanhos no interior do país. Quem não sentiu um frio na espinha quando ouviu uma história sobre o “monstro”?

Medos Pessoais:
Em meados da exibição de Por Amor, vi duas notícias que me deixaram com medo: uma chuva de meteoros que aconteceria durante a madrugada e o risco de um asteroide colidir com a Terra entre 2026 e 2032 (tá chegando, hein?). Na época, cheguei a chorar de medo. Nada que uma boa conversa com meus pais, não tenha resolvido. O legal dessa lembrança é que acabei recordando do fato esta semana, ao ver a abertura da novela e constatar que ela passa bem no começo do capítulo, logo depois da reprise da última cena do dia anterior. Na época em que Por Amor foi ar a primeira vez, havia umas almofadas no chão da sala e era lá que eu sentava para ver o fim do Jornal Nacional e a novela das oito... Vi a notícia do asteroide que, supostamente, colidiria com a Terra entre 2026 e 2032. O jornal acabou e a novela começou. E eu comecei a chorar... meu pai percebeu que eu estava chorando quando a vinheta de abertura começou (curiosamente, ele não gostava da abertura e eu amava). O inside que me acometeu essa semana foi exatamente quando a vinheta começou e aquela montagem de fotos em que o bebê aparece dentro do olho da Regina Duarte e começa aquele mosaico de fotos (maravilhoso, sempre). Na hora, recordei-me de estar deitado na almofada e começado a chorar enquanto a Regina Duarte e a Gabriela Duarte se alternavam em fotos na minha frente e meu pai virava-se para trás e via que eu estava chorando...
Como disse anteriormente, depois de uma boa conversa com meus pais, perdi o medo das chuvas de meteoros (do chupa-cabras, sinceramente, nunca tive medo).

Trilha Sonora:
Acabei de escrever que meu pai não gostava da abertura de Por Amor e que eu adorava. É verdade! Gostei da música Falando de Amor desde a primeira vez que a ouvi no primeiro capítulo da novela. Meu pai a achava “espremida demais”, o que quer que signifique isso numa música, não sei até hoje... (risos). O fato é que adorava a vinheta de abertura e todas as músicas da novela, incluindo Per Amore (Zizi Possi) e o hit daquele ano: Palpite (Vanessa Rangel). Confesso que, por anos, cantei errado: “e aí... o amor pode acontecer / de novo pra você/ ALPISTE!” (mais risos).
No entanto, não comprei a trilha sonora na época em que a novela foi exibida. Minha primeira trilha só viria em 1998, com Era Uma Vez.... Em 2006 copiei o CD Por Amor de uma amiga e, só em 2015, é que consegui achar o CD original para comprar em uma loja especializada...

Família e Amigos:
Quatro primos nasceram em 1997! Mais a filha de uma amiga que se tornou afilhada dos meus pais! Teve muito bebê naquele ano. Particularmente, lembro do nascimento do Leão, o cachorro que mais tempo viveu em minha casa: Foram 12 anos, 10 meses e 20 dias vivendo conosco. Bateu saudade e um cisco caiu no meu olho agora...

 Anos Depois...
Quando Por Amor acabou e começou Torre de Babel o Brasil disputou e perdeu a Copa do Mundo de 1998. Na eleição presidencial daquele ano, o Fernando Henrique Cardoso foi reeleito. E o Menino Maluquinho foi reexibido no dia da eleição.
Em 2002, enquanto Por Amor era reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. O Lula ganhou para presidente. Um sucesso na TV daquele ano foi a novela O Beijo do Vampiro, na faixa das 19h e a novela colombiana Betty, a Feia dava as caras no Brasil via RedeTV!
Em 2010, quando Por Amor estreou no Canal Viva, o Brasil perdeu a Copa da África. A Dilma ganhou a eleição presidencial. Como ainda não tinha TV por assinatura, não vi esta exibição, mas descobri que o último capítulo foi ao ar bem no dia em que dei minha primeira aula de Língua Portuguesa: 08 de fevereiro de 2011...

E aí? Você lembrou de algum fato curioso sobre sua vida em algum dos anos citados neste texto? Entre em contato e vamos escrever juntos a próxima história!