Após
4 anos presos na misteriosa ilha no Cidade Jardim, nossos heróis – finalmente –
encontram o caminho de casa... será?
[ATENÇÃO: Esta é uma
obra de ficção com traços de humor e não deve ser levada a sério. As piadas
aqui contidas – se existirem, claro – servem apenas para entretenimento e não
devem ser consideradas como ofensas. O autor se resguarda o direito de não
lembrar o nome de todo mundo. E também dá o direito das pessoas que lerem, não
gostarem do texto. Manifestações contrárias a esta publicação podem ser feitas
de segunda a sexta-feira, em horário comercial, na porta da minha casa.]
TODOS
OS FATOS AQUI CONTADOS SÃO REAIS. EXCETO OS QUE FORAM INVENTADOS
Introdução:
Em
2013, quando iniciei meus estudos na Faculdade de Jornalismo, comecei também a
contar em capítulos as “aventuras” da turma. Cada capítulo recriava, com traços
de humor, os principais acontecimentos do dia: as aulas, as provas, a comida na
hora do intervalo, tudo servia como “gancho” e inspiração para uma história bem
humorada. Cada semestre equivalia a uma temporada da série.
No
entanto, eu parei. Não sei bem o motivo, mas por volta da terceira temporada
(3º Período), os episódios foram rareando até cessarem de vez. No fim, os
textos originais também se perderam.
Com
a chegada da formatura, porém, resolvi reativar a série. Pelo menos, para o
capítulo final. Acho que merecemos.
***
Nos
episódios anteriores:
Depois
de trezentas manifestações na Avenida Antônio Carlos, o Brasil finalmente
perdeu a Copa do Mundo por 7 a 1 no Mineirão. Como restara pouca dignidade à
Seleção Brasileira de Futebol, o país também não se classificou para a Copa das
Confederações 2017, mas conseguiu a vaga antecipada na Copa do Mundo 2018.
#VaiQueDáBrasil.
Enquanto
isso, as Olimpíadas receberam um apoio maior da população e os atletas
brilharam! Principalmente um notório desconhecido de Tonga!!! A maior virada,
no entanto, foi das seleções de futebol. Enquanto a feminina começou bem e
conquistou os torcedores, a masculina começou mal e... venceu a competição! A
feminina perdeu, mas ganhou milhões de corações...
Paralelo
aos eventos esportivos, a presidente, (presidenta, presidonta, sei lá) da
república Dilma conseguiu se reeleger prometendo abaixar a conta de luz e investir
na educação. “Pátria Educadora” era o lema de seu novo mandato, assumido em 1º
de janeiro de 2015. Ainda em janeiro de 2015, as contas de energia elétrica
começaram a subir e em fevereiro do mesmo ano, o repasse para o Pronatec – uma das
principais plataformas de campanha dela – foi cortado em mais da metade.
Em
2016, ela deixa o Palhaço do Plano Alto, deixando o espaço livre para Michel
Scar Temer assumir o poder, o presidente (presidento, presidonto, sei lá) mais
impopular da história! Com o Nosferatu de Brasília à solta, as coisas só
pioraram: os vinte centavos da passagem de 2013 viraram vinte reais, a educação
e a saúde foram sucateadas (mais!!!) e um certo Bolsonaro começou a tomar forma.
Tenhamos cuidado.
Enquanto
tudo isso se desenrolava nas entranhas do país, na afastada Ilha Pitágoras
Cidade Jardim nossos heróis continuavam presos sem chances de escapatória. Reza
a lenda que, para saírem de lá com vida, deveriam fazer uma série de testes,
sendo o último e mais difícil, um tal de TCC – Teste da Cara e Coragem. Alguns
não sobreviveriam...
Por
gostar de sofrer, a aluna Diene encerrou sua participação no elenco de “Publicidade
e Propaganda – a Série” e passou a integrar o elenco de “Jornalismo – a Série”,
que era exibida na mesma emissora. Em entrevista à revista “Caras Pobres da
Faculdade”, ela disse estar feliz com a mudança e que precisava continuar sendo
vista. Confira na íntegra as aspas ditas por ela: “estou feliz com a mudança
e precisava continuar sendo vista.”
Depois
de descobrir sua descendência indígena – e que também era primo da Grávida de
Taubaté – Leandro resolve passar um tempo em uma aldeia, onde aprende a fazer
receitas típicas e recebe dois convites de uma importante emissora: ele poderia
ensinar as receitas no programa da Ana Maria, substituindo o Louro José que
precisava de férias ou fazer figuração na novela “Novo Mundo”. Acabou
escolhendo a terceira opção: um programa jornalístico exibido às quartas-feiras
depois do futebol...
Depois
de muito relutarem, Ana, Lillian, Bárbara e Luciano aceitaram acompanhar Antônio
em roteiros culturais belo-horizontinos. Assim, palcos como a Rua Guaicurus e
os cemitérios da capital passaram a ser pontos de encontros frequentes deles.
Há quem diga que, após acordar às 6h de um feriado para visitar o cemitério com
Antônio, Ana Paula desistiu de conversar com o rapaz.
TCC
Em
geral, o último ano de confinamento após caírem na misteriosa ilha no bairro
Cidade Jardim, foi marcado pelo teste final. Quem conseguisse, estaria livre.
Quem não conseguisse, teria a alma aprisionada para sempre ao lugar.
Era
comum ver alunos-zumbis se esgueirando pelos corredores da misteriosa faculdade,
repletos de papeis nas mãos. A moça do xerox nunca trabalhara tanto e as
memórias dos computadores nunca duraram tão pouco. Um terabyte era pouco para
tantas versões do mesmo trabalho.
Às
vezes, no meio da madrugada, choros, gemidos, ranger de dentes e arrastar de
correntes eram ouvidos ao longe, enquanto a lua cheia banhava a cidade...
Dizem
as más línguas que as apresentações não foram menos dolorosas, mas que ao fim,
ao ouvirem as palavras “Você está aprovado!” alguns alunos não sabiam mais o
que fazer. Alguns davam pulos, outros choravam e outros batiam a cabeça na
parede.
Passagem
de Tempo
Meses
depois, em 22 de agosto, os sobreviventes daquele trágico evento que durou
quatro anos e os aprisionou na tal misteriosa ilha já falada à exaustão neste
texto, se encontraram para a etapa final. Em uma noite de gala, conseguiram a
chave para voltar para casa.
Para
isso, tudo o que eles tinham que fazer durante três longas horas era “sorrir e
acenar” para uma centena de fotógrafos e trezentos parentes. No fim, a chave
estava dentro de um comprido canudo.
Enquanto
Skank tocava “Vou Deixar”, os créditos começaram a subir lentamente. Ninguém
sabe se, de fato, eles voltaram pra casa.
Cena
Pós-Crédito
Depois
da Missa, a festa!
Soraya
passara quatro anos decidindo quem levaria ao baile e como ninguém tomou a iniciativa de convidá-la, a moça bela, recatada e do lar levou três acompanhantes
à festa! Reza a lenda que seriam quatro, mas um já era comprometido.
Depois
de uma hora na fila da bebida, Soraya e Antônio decidiram levar o estoque de
álcool para a mesa, o que gerou protestos dos demais convidados.
Leandro, que não comia há três dias, resolveu atacar a
mesa de salgadinhos assim que chegou, deixando Reginaldo no vácuo, que só
queria tirar fotos.
Dizem
as más línguas que Sabrina contratara diversos figurantes para aplaudi-la
enquanto dançava. Verdade ou não, o fato é que quando a moça foi embora, metade
do salão foi esvaziado.
Depois
de serem barrados na entrada por terem dado notas baixas aos alunos durante
quatro anos, os professores finalmente conseguiram entrar na festa. A máxima da
noite era: “perdoo a nota baixa que me destes, desde que pague a minha próxima
bebida”.
Empolgado
em aparecer na mídia, José Reginaldo posava para fotos com todos. O mesmo valeu
para Patrícia e Fabíola que, para cada sorriso, um flash e para cada flash, um
sorriso.
Gustavo
e Leandro haviam dançado a noite toda, mas se revelaram quando o DJ tocou
Robocop Gay. Os rapazes foram à loucura. Soraya se empolgou com o Vira-Vira. E
virou quatro copos de vodca sem perceber.
Antônio,
bancando o esperto, conseguiu o convite e o transporte gratuitos para a festa. A
cara de bom moço é só para enganar mesmo...
No
fim da noite, depois de esgotarem a paciência do DJ e dos garçons, os últimos sobreviventes
foram gentilmente expulsos do salão de festa. A esta altura, Lillian e Ruth
disputavam a última garrafa da última bebida, que também era consumida por
Gustavo, Antônio, Soraya e Leandro.
Enquanto
os garçons começaram a empurrar todo mundo pra fora com o rodo, luzes piscavam
em todas as partes. O sol começava a nascer.
Na
saída, transportes trocados levaram cada um para sua casa. Dizem as más línguas
que Soraya e Leandro dividiram o mesmo carro na saída. Havia a moça,
finalmente, encontrado o par que procurara por quatro anos?
“Mistééééério...”
Uma
semana depois:
Eles
haviam saído da ilha e, finalmente, encontrado o mundo real... Todos foram vistos
na mesma fila, da mesma agência para fazer a mesma entrevista de emprego!
(Fim – mesmo!)
(Caso
você não tenha aparecido neste episódio e gostaria de fazer uma participação,
entre em contato com sugestões! O texto pode ser atualizado. Caso tenha
aparecido e não gostado, paciência! Nem tudo são flores na vida e, se você
chegou ao fim da faculdade, deveria saber disso há tempos!!!)
Atenciosamente,
APS