Hitchcock faz sua aparição (no canto esquerdo da imagem) em “Assassinato”
Reprodução
|
Filme lançado em 1930 inova ao apostar no som para ajudar a contar a história; trama foi refilmada pelo próprio Hitchcock, no mesmo ano, na Alemanha
Agosto
é um mês especial para os cinéfilos: há 118 anos, no dia 13 desse mês, nascia
em Londres o cineasta que mais tarde ficaria conhecido como o Mestre do Suspense:
Alfred Hitchcock. Mas Hitchcock foi
mais: inovador, criou novas possibilidades para o cinema, seja no campo
tecnológico, da narrativa, da edição e montagem ou do uso da trilha. A partir
de hoje, o site Blog APS fará
uma retrospectiva com treze filmes do diretor. Embora seja uma amostra pequena
da vasta filmografia hitchcockiana,
que conta com mais de 50 obras, os filmes escolhidos exploram as várias facetas
do diretor ao longo dos anos.
Para
começar, um dos filmes mais emblemáticos do começo da carreira de Hitchcock: Assassinato (Murder!). O filme foi
produzido ainda na fase inglesa do diretor, em 1930.
Embora
conhecido por clássicos como Psicose
(1960), Os Pássaros (1963) entre
outros, o começo da carreira de Hitchcock é um dos seus períodos mais férteis.
Os registros mostram que em 1927, por exemplo, Alfred Hitchcock produziu três
longas: O Ringue, Downhill e Vida Fácil. O mesmo aconteceria em 1929. Esse ritmo de dois a três
filmes por ano continuaria até 1941, já na fase americana do diretor.
Assassinato
não foi o primeiro filme falado do diretor. O fato aconteceu com a produção do
ano anterior Chantagem e Confissão,
mas vários especialistas concordam que foi em Assassinato, que Hitchcock pôde explorar toda a potencialidade do
cinema falado disponível naquele começo de década.
Já
nos créditos iniciais, a 5ª Sinfonia de
Beethoven pode ser ouvida, conferindo ao filme o ar de mistério que ele
precisava. Com uma abertura curta (cerca de 80 segundos), o filme começa com um
relógio. O plano muda para uma pequena vila. Um grito corta a noite, seguido de
um gato passando próximo a um muro e latidos de cães tomam que tomam conta da
cena, enquanto pessoas saem às janelas de suas respectivas casas.
Alarmadas,
elas seguem até uma pensão, na qual se hospeda a atriz Diana Baring (Norah Baring). Lá, todos veem a jovem
paralisada diante do cadáver da também atriz Edna Durce. Como as duas não se
davam bem, e Diana era a única presente no momento do crime, a suspeita do
assassinato recai sobre ela, que é levada ao júri e condenada. Um dos jurados,
porém, começa a suspeitar de que ela é inocente e passa a fazer uma
investigação paralela, para tentar salvar a moça da execução.
Diana, catatônica, observa o corpo de sua colega de cena
Reprodução
|
Além da 5ª Sinfonia, Tristão e Isolda, de Wagner, pode ser ouvida em alguns momentos cruciais da trama. Hitchcock adaptou Assassinato da peça teatral Enter, Sir John, de Clemence Dane e Helen Simpson. Para a adaptação, ele contou com a colaboração de Walter Mycroft.
No
mesmo ano em que produziu Assassinato
na Inglaterra, o cineasta viajou para a Alemanha para trabalhar na versão local
do filme, que ganhou o título de Mary.
Cerca de 26 minutos menor que o original, Mary
deixa de lado aspectos importantes presentes na versão inglesa.
Os jurados se reúnem para analisar o caso
Reprodução
|
Assassinato
foi tido pelo próprio Hitchcock como seu primeiro e único whodunit, expressão que significa “quem fez isso?” ou, em
outras palavras, o famoso “quem matou?”, artifício comum em romances policiais.
O filme tem ainda a famosa aparição do diretor, um hábito que começara em O Inquilino Sinistro e se estenderia até
sua última obra. No longa, é possível ver o diretor caminhando apressado por
volta dos 60 minutos de filme. Vale a pena se atentar também para o
homossexualismo velado em um dos personagens. O diretor voltaria ao tema em
produções como Festim Diabólico e Psicose.
Por
fim, Assassinato é um dos primeiros filmes
de Hitchcock a espalhar “pistas”, de modo que o público se sente “preso” à
história e tenta decifrar, junto aos personagens, os enigmas da trama. O drama
e o suspense crescem conforme a história avança, gerando o clímax, quando a
identidade e o motivo do assassino são revelados, a menos de cinco minutos do
fim.
___________
Capa do filme Continental/Divulgação |
Ficha
Técnica:
Título Original:
Murder!
Ano de Produção:
1930
País de Produção:
Inglaterra
Inspirado na peça:
Enter, Sir. John
Adaptado por:
Alfred Hitchcock e Walter Mycroft
Assistente de Direção: Frank
Mills
Direção de Arte:
J. F. Mead
Cenário:
Alma Reville
Som:
Cecil V. Thornton
Edição:
Rene Marrison sob a supervisão de Emile de Ruelle
Elenco:
Herbert Marshall – Sir. John Menier
Norah Baring – Diana Baring
Phyllis Konstam – Doucie Markham
Edawrd Chapman – Ted Marcham
Miles Mander – Gordon Druce
Esme Percy – Handel Fane
Donald Calthrop – Ion Stewart
Situação:
Disponível em DVD pela distribuidora Continental