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Tobe Hooper faleceu neste sábado, 26/7, nos EUA Foto: IMDB |
Diretor
produziu um dos principais filmes de terror da década de 1970; currículo tem
ainda Poltergeist e Pague
Para Entrar, Reze Para Sair
Os
fins de semana de 2017 têm sido tristes para o cinema. Vários nomes ligados a
importantes produções mundiais têm nos deixado. Astros como Jerry Lewis e John Heard faleceram nos últimos meses, mas um gênero, em especial,
tem sido profundamente afetado este ano.
O
terror, um dos gêneros mais populares do cinema, sofreu perdas irreparáveis no
último ano. Jonathan Demme, diretor
do filme vencedor do Oscar, “O Silêncio
dos Inocentes”, faleceu em 26/4 (o único nesta triste lista que não faleceu
em um fim de semana). Em julho, no dia 16, George
Romero, conhecido por criar o clássico “A
Noite do Mortos Vivos” também nos deixou. Neste sábado, 26/8, faleceu Tobe Hooper, criador de “O Massacre da Serra Elétrica”, um dos
principais e mais polêmicos filmes de terror da década de 1970; além de “Poltergeist”, “Pague Para Entrar, Reze Para Sair”, entre outros títulos,
incluindo episódios de séries para TV.
Hooper
começou a carreira em 1969, com “Eggshells”.
Já neste filme de estreia, contou com a parceria de Kim Henkel. O filme nem de longe foi um sucesso, mas ajudou a
firmar o nome da dupla no cenário cinematográfico. No começo da década de 1970,
Hooper pôs em prática o filme que o consagraria internacionalmente como um dos
maiores nomes do cinema de terror: “O
Massacre da Serra Elétrica”.
A
história perturbadora mostra cinco jovens em viagem pelo Texas. Há relatos nos
jornais de que túmulos de um determinado cemitério foram violados e dois dos
jovens, os irmãos Sally (Marilyn Burns,
falecida em 2014) e Franklin (Paul A. Partain,
falecido em 2005) vão ao local verificar se o túmulo da família está entre os
violados. De lá, partem para a antiga casa em que viveram na infância. O que
eles não sabem é que na residência próxima, mora uma família de sádicos
assassinos, que irá fazer os jovens viverem um verdadeiro inferno, em
sequências que entraram para a história do cinema pela crueldade e, ao mesmo
tempo, pelo fascínio que causou os fãs. Leatherface (Gunnar Hansen, falecido em 2015), persegue e mata, um a um, os
jovens, com requintes de crueldade: marretadas no crânio, gancho de açougue e,
finalmente, o instrumento que deu título ao filme: uma motosserra.
Por
trás de tudo estava Tobe Hooper, a mente criativa por trás do motor da serra
mais famosa da sétima arte filmou todo o material com poucos recursos. A
história que serviu de inspiração foi o caso real do assassino Ed Gein, que já havia inspirado Robert Bloch e Alfred Hitchcock no também clássico “Psicose” e ainda inspiraria Thomas
Harris e Jonathan Demme com “O Silêncio dos Inocentes”.
A
escolha do instrumento mortal de O
Massacre... se deu em um fim de ano: enquanto Tobe esperava na fila de uma
loja de departamentos, próximo ao Natal, olhou para o setor de ferramentas e
viu algumas motosserras. O calor, aliado ao insuportável tamanho da fila, fizeram
com que a mente do diretor imaginasse alguém realmente nervoso pegando uma das
motosserras e abrindo caminho à força na fila. A partir daí, essa ideia
macabra, aliada à história de Ed Gein, começaram a dar forma ao filme que se
tornaria ícone do cinema de terror mundial.
As
cenas, consideradas de extrema violência, fizeram com que o filme fosse
proibido em diversos países. Além disso, até hoje, qualquer continuação ou
prelúdio de O Massacre... recebe classificação 18 anos na maior parte do mundo.
A
polêmica, talvez, só tenha ajudado para que o filme se firmasse como um dos
grandes clássicos do cinema, cultuado por fãs em todo o mundo. Na década de
1980, Tobe ainda dirigiria os igualmente famosos Poltergeis – O Fenômeno, que
conta a história de uma família atormentada por fenômenos paranormais em casa e
o Pague Para Entrar, Reze Para Sair, sobre um parque de diversões que esconde
terríveis assassinatos.
Em
1986, Hooper revisitaria seu primeiro clássico, ao escrever e dirigir a
sequência “O Massacre da Serra Elétrica
Parte 2”, estrelada por Dennis
Hooper. O filme acabou ganhando uma pegada mais leve que o original, com
passagens pelo humor e com uma trilha sonora focada no rock.
O Massacre...
ainda ganharia as sequências de 1989 e de 1994 – esta última, a mais problemática
de todas. Em 2003, o filme ganhou uma refilmagem e, em 2005, um prólogo.
Em
2013, as refilmagens foram deixadas de lado e a história de 1974 ganhou uma
sequência direta – desconsiderando as partes 2, 3 e 4 – e lançada em 3D nos
cinemas. Embora tenha erros graves no roteiro, o mais sério em torno da idade
da protagonista, o filme ficou famoso por trazer de volta Marilyn Burns e
Gunnar Hansen – em seus últimos papeis no cinema – e reconstruir os cenários
originais do primeiro filme. Um novo prólogo – baseado na história de 1974 e na
continuação de 2013, está prevista para estrear este ano nos cinemas.
Além
desses três clássicos do cinema, Tobe Hooper dirigiu ainda filmes menos
famosos, mas nem por isso menos importantes para sua filmografia. Entre eles,
destacam-se: “Trilogia do Terror”
(1993), “Crocodilo” (2000) e alguns
episódios de séries de TV, incluindo da famosa “Contos da Cripta”.
Com
a morte de Tobe Hooper o cinema, infelizmente, perde mais um grande nome. Um
expoente, um precursor que ousou muito para o seu tempo e, por isso, foi alçado
à categoria de personalidade atemporal. Tobe Hooper entra para a mesma galeria
de nomes como Wes Craven, Jonathan Demme, George Romero, Bela Lugosi, Boris
Karloff, Alfred Hitchcock, entre outros.
Para
nós, ficam os diversos filmes que levaram a assinatura do cineasta, a tristeza
pela sua perda e a certeza de que o cinema ficou um pouco mais sem graça e sem
magia.