terça-feira, 4 de abril de 2017

[A FORÇA DO QUERER] – Análise do Primeiro Capítulo, exibido em 03/04/2017

Ísis Valverde e "sua" cauda de sereia
Foto: Fabio Rocha/Divulgação TV Globo 

Novela de Glória Perez estreou com bom ritmo e história crível

Na semana que antecedeu a estreia de “A Força do Querer”, vários textos circularam na imprensa sobre a perda de força das novelas das “nove” da Globo. Apontada como último êxito no horário, “Avenida Brasil” (2012) ainda não foi ultrapassada em popularidade por nenhuma outra produção.
Algumas foram até bem aceitas pelo público e pela crítica, como “Amor à Vida” e “Império”. Outras, deixaram um gosto amargo na TV, como “Babilônia” e “Em Família”.
O fato é que, há aproximadamente cinco anos, o mais tradicional horário de novelas da Globo vem caindo de popularidade e sendo muitas vezes ultrapassado pelas novelas das seis e das sete, além do horário especial das onze, veiculado uma vez por ano.
Nessa segunda-feira, 03 de abril, estreou uma nova produção no horário mais concorrido da emissora global: “A Força do Querer”, de Glória Perez. A autora, que já produziu sucessos memoráveis como “Barriga de Aluguel” e “O Clone”, não foi muito feliz em seus últimos trabalhos. Diversos problemas atingiram e desequilibraram as produções de “América”, “Caminho das Índias” e “Salve Jorge”. No entanto, todas tiveram alguns méritos que merecem ser destacados: a primeira, mostrava o drama dos imigrantes ilegais nos EUA. A segunda, apresentou uma cultura pouco conhecida dos brasileiros: a Índia. Apesar dos tropeços, a novela levou o Emmy Internacional em 2009. A terceira também não foi um sucesso, mas valeu por denunciar o tráfico internacional de pessoas.
Na nova novela, Glória optou por retratar uma cultura mais próxima: nada de explorar outros países, outras tradições, outros hábitos. O enredo se passa entre o Norte e o Sudeste brasileiros.
O entrave se dará, principalmente, pelo triângulo amoroso formado por Ruy, Zeca e Ritinha. Os dois tiveram um passado em comum: na infância, quase morreram afogados e foram salvos por um índio, dando início a uma profecia: “o rio que os uniu, vai separá-los.” No presente, Zeca namora Ritinha, mas ela “enfeitiça” os homens com sua beleza e sua dança. Um desses “enfeitiçados” será, justamente, Ruy.
Como bem observou o crítico televisivo Nilson Xavier (leia aqui), um dos méritos do primeiro capítulo foi a primeira fase, que durou apenas meio capítulo. Não foi preciso “enrolar” o telespectador com um prólogo de vários capítulos correndo, assim, o risco de entediá-lo.
A história também é crível. Conseguimos entender os motivos da separação de Bibi e Caio (Juliana Paes e Rodrigo Lombardi), conseguimos ter uma boa visão da relação dos irmãos Eurico e Eugênio (Humberto Martins e Dan Stulbach). E, mais uma vez, o ponto favorável à Glória: ter escolhido retratar apenas o Brasil. Não teremos em “A Força do Querer” aqueles voos mirabolantes e aquele vai e vem infinito de personagens entre dois ou mais países em apenas um capítulo, como aconteceu nas últimas novelas da autora.
Tramas paralelas já começaram a ser destrinchadas: vício em jogo, transexualidade, entre outros.
“A Força do Querer” tem tudo para ser um daqueles chamados “novelões”. É cedo ainda para saber se ela vingará, afinal, apenas um capítulo é pouco para avaliar uma obra inteira.
Continuemos observando para ver se a novela terá mesmo toda a “força” que o horário das nove “quer” e precisa!
Boa sorte, Glória!