terça-feira, 25 de outubro de 2016

ENTREVISTA - Médico faz sucesso também como artesão: conheça a exposição de Ricardo Campolina no Minas Tênis Clube

Oftalmologista conversou com o blog APS sobre projeto inusitado
Ricardo Campolina veste santos para uma "festa no céu"

Ricardo Campolina é médico oftalmologista especializado em cirurgias de catarata. Atualmente, ele realiza diversas cirurgias no MaterDey, Hospital São Camilo, Núcleo Especializado em Oftalmologia, Centro de Oftalmologia e nas cidades de Pouso Alegre e Barbacena, além de ser professor universitário. Mas o que para muitos já seria trabalho suficiente (talvez, até demais), para o doutor é apenas uma parte de sua rotina.
            Além do trabalho como médico, Campolina tem um outro talento: o de artesão. E é com este talento que ele apresenta até o dia 31 de outubro na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube 2 (Avenida Bandeirantes, 2323, Serra – Belo Horizonte), a exposição Devoção e Arte, na qual ele veste santos católicos com roupas de festa, criando uma nova visão sobre a fé e a arte.
            Ricardo conversou com o blog APS e explicou um pouco mais sobre o projeto:
Fotos: Sérgio Faria

            Blog APS: Por que 'modificar' as características originais dos santos e anjos?
Ricardo Campolina: Eu não os modifico! Apenas coloco meu "olhar" e meus sentimentos pra criar!: Criar agradecimentos, beleza, harmonia e também "brilho" nas figuras que me mostram ou que me tocam no que diz respeito à possibilidade de um trabalho artístico com sensibilidade e com sintonia à minha devoção.
Blog APS: Como acontece o processo de criação? Como são escolhidas as roupas, cores e acessórios para cada imagem?
Ricardo Campolina: Após escolher a imagem ou uma peça expressiva e bem acabada começo a seleção das cores e tecidos que mais possam mostrar e destacar as roupas, as pregas e a composição entre direito e avesso .
Não fico preso às cores originais (na maioria das vezes não as conheço!), e tento "iluminar" o máximo, cada figura. Pinto inicialmente as partes do rosto, mãos, pés e braços, tentando colocar a expressão mais próxima com a "divindade" que imagino em cada uma. Como oftalmologista demoro e refaço várias vezes os olhos e o olhar de cada peça.
Tento colocar nas representações de Maria, tantas cores e brilhos que forem possíveis para cada imagem, e nos anjos e Santos, discrição e humildade, mas sempre ricos em detalhes e cores.
Blog APS: Você sofreu algum tipo de pressão ou censura por parte da Igreja?
Ricardo Campolina: Foi minha grande surpresa! Receber a aprovação das pessoas ligadas à igreja. Tenho até uma imagem ocupando lugar de destaque em um altar de Nova Lima!
Confesso que fiquei apreensivo com a possibilidade de discriminação, mas retratar Maria com riqueza, beleza e leveza me levou a ter coragem de divulgar meu trabalho.
Blog APS: Em geral, como as pessoas reagem ao verem, na mostra, as imagens modificadas?
Ricardo Campolina: A maioria das pessoas tentam identificar "pelas cores" cada uma das imagens ou peças que exponho, mas quando revelo a identidade e a intenção do trabalho passam a admirar "a arte" as cores e os detalhes, e não fazem críticas à minha interpretação do que vejo.
Blog APS: Como é conciliar a rotina de médico e de artesão?
Ricardo Campolina: Conciliar trabalho e prazer é uma questão de disponibilidade: ambos são pra mim, realização e devoção, criação e oração, trabalhar com as mãos e com o coração.
A realização profissional vem associada a uma dedicação quase que exclusiva, por isso demoro mais que gostaria na finalização das minhas imagens e quadros. Costumo iniciar um trabalho e interromper por dias, até ter tempo para voltar a me dedicar com tranquilidade.
Ocupo minhas noites, fins de semana e feriados com o trabalho artesanal.
Blog APS: Quais os seus próximos projetos como artesão?
Ricardo Campolina: Minha intenção é poder me dedicar um pouco mais a minha arte. Gostaria de poder mostrar mais meu trabalho e aprimorá-lo cada vez mais.

Não vou abandonar minha profissão porque com ela alcanço cada dia mais  Deus pois é também um dom que recebi.
Exposição segue até 31/10. Entrada é gratuita e classificação é livre.

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