Ísis Valverde e "sua" cauda de sereia Foto: Fabio Rocha/Divulgação TV Globo |
Novela
de Glória Perez estreou com bom ritmo e história crível
Na
semana que antecedeu a estreia de “A
Força do Querer”, vários textos circularam na imprensa sobre a perda de
força das novelas das “nove” da Globo.
Apontada como último êxito no horário, “Avenida
Brasil” (2012) ainda não foi ultrapassada em popularidade por nenhuma outra
produção.
Algumas
foram até bem aceitas pelo público e pela crítica, como “Amor à Vida” e “Império”.
Outras, deixaram um gosto amargo na TV, como “Babilônia” e “Em Família”.
O
fato é que, há aproximadamente cinco anos, o mais tradicional horário de
novelas da Globo vem caindo de popularidade e sendo muitas vezes ultrapassado
pelas novelas das seis e das sete, além do horário especial das onze, veiculado
uma vez por ano.
Nessa
segunda-feira, 03 de abril, estreou uma nova produção no horário mais
concorrido da emissora global: “A Força
do Querer”, de Glória Perez. A
autora, que já produziu sucessos memoráveis como “Barriga de Aluguel” e “O
Clone”, não foi muito feliz em seus últimos trabalhos. Diversos problemas
atingiram e desequilibraram as produções de “América”,
“Caminho das Índias” e “Salve Jorge”. No entanto, todas tiveram
alguns méritos que merecem ser destacados: a primeira, mostrava o drama dos
imigrantes ilegais nos EUA. A segunda, apresentou uma cultura pouco conhecida
dos brasileiros: a Índia. Apesar dos tropeços, a novela levou o Emmy Internacional em 2009. A terceira
também não foi um sucesso, mas valeu por denunciar o tráfico internacional de
pessoas.
Na
nova novela, Glória optou por retratar uma cultura mais próxima: nada de
explorar outros países, outras tradições, outros hábitos. O enredo se passa
entre o Norte e o Sudeste brasileiros.
O
entrave se dará, principalmente, pelo triângulo amoroso formado por Ruy, Zeca e
Ritinha. Os dois tiveram um passado em comum: na infância, quase morreram afogados
e foram salvos por um índio, dando início a uma profecia: “o rio que os uniu,
vai separá-los.” No presente, Zeca namora Ritinha, mas ela “enfeitiça” os
homens com sua beleza e sua dança. Um desses “enfeitiçados” será, justamente,
Ruy.
Como
bem observou o crítico televisivo Nilson
Xavier (leia aqui), um dos méritos do primeiro capítulo foi a primeira
fase, que durou apenas meio capítulo. Não foi preciso “enrolar” o telespectador
com um prólogo de vários capítulos correndo, assim, o risco de entediá-lo.
A
história também é crível. Conseguimos entender os motivos da separação de Bibi
e Caio (Juliana Paes e Rodrigo Lombardi), conseguimos ter uma boa visão da
relação dos irmãos Eurico e Eugênio (Humberto Martins e Dan Stulbach). E, mais
uma vez, o ponto favorável à Glória: ter escolhido retratar apenas o Brasil. Não
teremos em “A Força do Querer”
aqueles voos mirabolantes e aquele vai e vem infinito de personagens entre dois
ou mais países em apenas um capítulo, como aconteceu nas últimas novelas da
autora.
Tramas
paralelas já começaram a ser destrinchadas: vício em jogo, transexualidade,
entre outros.
“A Força do Querer”
tem tudo para ser um daqueles chamados “novelões”. É cedo ainda para saber se
ela vingará, afinal, apenas um capítulo é pouco para avaliar uma obra inteira.
Continuemos
observando para ver se a novela terá mesmo toda a “força” que o horário das
nove “quer” e precisa!
Boa
sorte, Glória!
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