Temporada colecionou furos de roteiro Reprodução: VivaPlay |
Temporada chega ao fim na próxima semana no Canal Viva
Nem tudo foram flores na minha temporada preferida de
Malhação, aquela exibida entre janeiro de 2005 e janeiro de 2006 e em atual
reprise pelo Canal Viva. Estrelada por Fernanda Vasconcelos, Thiago Rodrigues e
Joana Balaguer, Malhação 2005 trouxe diversas histórias para ficar no ar
durante um ano. Nem todas, porém, surtiram o efeito desejado. Abaixo, cito sete
dessas sequências que foram a maior furada daquele ano. A lista com as sete melhores sequências (“eu acho, na minha opinião”) podem ser lidas aqui.
Sequência
1 ->
Algumas férias de atores
Malhação 2005 ficou marcada por várias férias dos atores
veteranos. Todo mundo que estava no ar, há pelo menos 1 ano, ficou trinta dias
sem aparecer no vídeo. O problema não foi o descanso do elenco e, sim, o modo
escolhido para explicar o “sumiço” do personagem em questão. Enquanto uns deram
certo, e aí posso citar a dona Lúcia e a dona Vilma, outros foram bem na base
do improviso.
Logo
no começo da temporada, Lúcia cai de uma cadeira e quebra a perna. Era a deixa
para a atriz Tássia Camargo sair de férias. Sua personagem volta um mês depois
recuperada. Dona Vilma viaja para a Itália para o batizado do neto, por ter
medo de avião, ela vai e volta de navio, o que justifica uma viagem mais longa.
Os
dois casos acima foram bem pensados e fizeram sentido no contexto da novela.
Porém, os personagens Rafa (Ícaro Silva) e Bel (Laila Zaid) não tiveram a mesma
sorte no roteiro: os escritores deram para cada um dos personagens uma “viagem
com a família” em momentos totalmente inoportunos: enquanto Bel viajou com os
parentes bem no meio do ano letivo, mal tendo tempo de comemorar a final do
campeonato estudantil, da qual participara; Rafa sai de férias com os amigos e vai para a praia – durante as duas semanas das férias de julho, na exibição
original – e, na volta, é que vai viajar com os parentes. Qual o sentido disso?
Era mais fácil ter economizado as viagens do rapaz e ter tirado o personagem de
cena assim que as férias de meio de ano começassem.
O
mesmo acontece com Letícia (Juliana Didone). Ela se casa com Gustavo (Guiherme
Berenguer) e sai em lua-de-mel. Até aí, tudo bem e os roteiristas poderiam ter
aproveitado a brecha para dar as férias da atriz. No entanto, Letícia reaparece
em cena uma semana depois e, só após alguns meses é que a personagem “some”. O
motivo, de acordo com o roteiro, é que ela fora passar um mês em Portugal,
decorando o apartamento novo com o marido!!!
Sequência
2
-> Alguns destinos de personagens antigos
Daniele
Suzuki (Miyuki) e Guilherme Berenguer (Gustavo) deixaram a temporada 2005 pela
metade, pois passaram a integrar o elenco na novela das sete Bang-Bang. Porém, se os roteiristas
pensaram em um final para Gustavo e Letícia, com Cabeção e Miyuki a coisa
naufragou de vez!
Depois
de comerem o pão que o diabo amassou em 2004, Gustavo e Letícia começaram a
temporada 2005 com todo o gás, depois caíram em desuso e só não sumiram de vez
porque Gustavo adoeceu e Letícia se apaixonou por futebol.
O
fim dos dois, porém, foi como os fãs esperavam: eles se casam, ele parte para
Portugal e, ao fim da temporada, ela vai se encontrar com ele.
O
mesmo não aconteceu com Miyuki e Cabeção: a moça sai de férias (as tais famosas
férias descritas acima) e vai ver a família. Na volta, ela se inscreve em um
estágio na faculdade, passa e descobre que o estágio será no Japão! Cabeção
ainda vai com a moça (férias do ator Sérgio Hondjakoff), mas volta sozinho. E o
pior: eles não se casaram ou tiveram um “acerto de contas”. A saída da atriz é
justificada apenas com uma fala de Cabeção: “A Miyuki ficou muito empolgada com
o lance do estágio e esqueceu o lado ‘zen’ da vida. Ficamos incompatíveis”...
aff!
Quando
lembramos que o próprio Cabeção, na temporada anterior, se meteu a aprender
japonês para convencer os pais de Miyuki a deixá-la no Brasil, podemos
considerar que este foi o pior final que a personagem poderia ter em toda a
série...
Pior
(ou pelo menos igual) que o destino dos dois é o fim de Cadu (Bruno Ferrari) e
Vivi (Graziella
Schmitt). O casal penou em 2004, já que o rapaz era pobre e os pais dela
eram preconceituosos. Pra piorar, ele respondia a um processo na justiça. No
fim, depois de enfrentarem tudo e todos, eles têm a permissão dos pais de Vivi
para namorar, mas... o personagem vai para São Paulo! O ator Bruno Ferrari saiu
de Malhação e os personagens Cadu e Vivi passaram a namorar à distância – só por
uns capítulos – até ela terminar tudo pelo telefone. Ora, depois de tudo o que
eles passaram pra ficar juntos, não era melhor ela ter ido com ele pra São
Paulo ou continuarem juntos, mesmo à distância, como aconteceu com Gustavo e
Letícia? Finalzinho ingrato o dos dois, viu. A moça, pelo menos, começou a
namorar Rico, embora os pais dela fossem contra... de novo!!!
Sequência
3 ->
90% das cenas do Gustavo
Se
teve um personagem que não funcionou nesta temporada, foi o Gustavo!
Protagonista de 2004, o rapaz pouco fez nas cenas de 2005. Até Natasha teve
mais importância que ele, mas vamos à retrospectiva:
Gustavo
e Letícia começam 2005 com todo o gás, ainda no pique do ano anterior. É claro
que, com o passar dos capítulos, as cenas dos dois diminuem, dando lugar a
Bernardo, Betina e Jaqueline. No entanto, os roteiristas apagaram demais o
Gustavo, fazendo dele um mero coadjuvante.
Algumas
cenas realmente valeram a pena, como quando ele assume o posto de inspetor do
colégio, já que Lúcia havia quebrado a perna, e quando descobre que tem
diabetes. Do mais, porém, o perfil do rapaz mudou demais e muitas de suas
entradas em cena não faziam sentido. Pra piorar, o ator saiu de férias. Na
trama, Gustavo passou um tempo nos EUA com os pais, pensando na doença e tentando
esquecer Letícia. Ele volta e se reconcilia com ela somente pra, alguns
capítulos depois, dizer que vai se mudar para Portugal! Ou seja, tiraram o ator
do ar durante um mês, para em seguida, ele sair de vez da novela. Pelo menos
ele e Letícia se casaram, ao contrário de Cabeção e Miyuki...
Nota
especial para Letícia: onde foi parar a empolgação da moça pelo futebol? Depois
do campeonato estudantil e do casamento com Gustavo, o tema nunca mais foi
sequer tocado por ela ou por suas amigas! Mudou de interesse fácil, hein,
amiga?
Sequência
4
-> A falsa venda do Giga Byte
Em
meio a tantas histórias, sobrou tempo para os roteiristas venderem – ou pelo
menos tentarem vender – o Giga Byte. Dona Vilma entra em depressão, seus funcionários
partem para o lado do “inimigo” e, no fim, todo mundo do colégio Múltipla
Escolha faz um protesto pela permanência do Giga Byte. O grande problema dessa
cena é o desdobramento dela duas temporadas depois! É isso mesmo. Em 2007 dona
Vilma recebe um comprador, que após falar que dará “muito dinheiro” à dona do
Giga, convence a mulher a lhe vender o comércio. Ela sequer pestaneja, consulta
funcionários ou clientes, como acontecera em 2005. Simplesmente aceita, vende o
Giga (que é destruído, diga-se de passagem) e vai embora! Rafa também vai
embora com a sobrinha do comprador deixando, finalmente, de ser “boca virgem”...
forçado!
Sequência
5 ->
A gravidez de Jaqueline
Jaqueline
se deita com Bernardo e fica grávida no começo da trama. Inicialmente, a
gravidez é usada para “segurar” o rapaz e afastá-lo de Betina. A moça, porém, é
irresponsável: toma sauna, corre, malha, não mantém uma alimentação balanceada
e paga caro por isso. Ela ainda desenvolve fobia social, problema que teve na
infância e volta com força agora que está grávida.
Nada
disso, porém, a faz perder o bebê. De repente, num belo dia em que está feliz,
sente uma pontada na barriga, vai para o hospital e... descobre que a criança
em seu útero está morta! Oi? A moça passa pelos piores perrengues e nada abala
a gravidez, de repente, do nada, sem o menor esforço ou trauma, o bebê morre?
Tudo bem que a vida é frágil, mas essa sequência foi exagerada, hein?
Pior
é que na temporada 2006, ela engravida de Urubu e não tem nenhum dos problemas –
nem mesmo um princípio de fobia social – da gravidez anterior... vai entender.
Sequência
6
-> Personagens que não apareceram
Tudo
bem que os pais de Gustavo saíram de cena no último capítulo de 2004 e vários
outros pais sequer deram as caras, mas algumas situações precisavam dessa “figura
adulta” e não tiveram. Vamos aos casos:
Os
pais de Gustavo continuavam morando na cidade e eram citados o tempo todo nas
conversas do rapaz com Letícia. Tudo bem que os atores já haviam deixado o
elenco, mas será que não poderiam fazer, pelo menos, uma participação especial
na cena do hospital, quando Gustavo descobre que está com diabetes? Ou na cena
do casamento de Gustavo e Letícia? Ficou estranho.
O
mesmo vale para a mãe de Urubu, que nunca deu às caras mesmo quando o filho
sofreu traumatismo craniano, foi expulso do colégio por Adolfo, falsificou o
vídeo do concurso ou foi preso no final. Com uma “mãe ausente” dessas, não é de
se admirar que o cara apronte tanto.
Sequência
7 ->
Todas as tramoias de Urubu e Jaqueline – e outros personagens...
Que
Urubu é desmascarado e preso no fim e que Jaqueline confessa que agiu para
separar Bernardo e Betina, todo mundo sabe. Porém, nem tudo o que eles
aprontaram é esclarecido: a cola no mapa, o aquário quebrado, a camisa de
futebol – que era de Bernardo e não de Urubu – os DVD’s piratas e outras
trezentas “pequenas” atrocidades jamais foram descobertas, deixando a impressão
de que “o crime compensa”...
Pode somar aí a trapaça de Cabeção sobre
Download: ninguém descobriu – com exceção de Miyuki – que fora Cabeção quem
falsificara o DVD de Download com as fotos das amigas de dona Vilma. Sacanagem!
E
ainda o plano com Jimmy (olha o Urubu e a Jaqueline aí de novo) quase no fim da
temporada: afinal, que fim levou o documentário? Que Jimmy foi usado para
afastar Betina e Bernardo, todo mundo sabe, mas e o projeto da ONG e da Greco
Filmes? Como Jimmy explicou para o pai Bob Greco que Betina não participaria mais
do filme? E Bob aceitaria isso sem nem ir atrás da moça? E o roteiro de
Bernardo que Jaque trocou? São perguntas que ficaram no ar...
***
Enfim,
não é fácil manter uma história um ano inteiro no ar! São diversos personagens,
múltiplas tramas e inúmeros destinos. Mas se os roteiristas se esforçassem um
pouquinho mais para dar certa coerência ao que aconteceu no ano anterior e
respeitar os personagens criados por eles mesmos, talvez não teríamos tantas “canoas
furadas” na história. Aliás, “Canoa Quebrada” – o local, não a expressão – é a
locação inicial de uma temporada futura de Malhação...
Até
breve!
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