A
HUMANIDADE PERDEU A SENSIBILIDADE?
Antônio Pedro de
Souza
A
humanidade vem passando por grandes mudanças nos últimos anos. E como tudo tem
dois lados, o positivo e o negativo, neste caso os contras são as inversões de
valores, o desvirtuamento de caráter e a perda de algumas tradições.
Tenho
notado com tristeza que, nos últimos anos, alguns feriados antes considerados
religiosos e voltados à reflexão e à confraternização (independente da crença e
da religião) vêm se tornando em feriados comuns, voltados somente para o
“beber, comer e viajar”. É o caso da Sexta-Feira da Paixão, por exemplo. Antes
destinada à fé, religiosidade e reflexão, hoje, infelizmente é destinada ao
churrasco e à cerveja.
Mas,
além de desvirtuar o real motivo de algumas datas, a humanidade também fez
questão de começar a esquecer alguns eventos.
Na
última semana, vivenciamos duas das maiores festas mundiais: Natal e ano-novo.
Comemorações internacionais, cada uma a seu estilo mas com um propósito: confraternização.
Cidades do mundo inteiro exibiram suas luzes, seus fogos, suas músicas. Em todo
canto do planeta, pessoas comemoravam. Descartando alguns dramas pessoais, o
clima era de festa pra grande maioria.
Então,
onde estava o problema? O problema estava em algumas pessoas que, simplesmente
se esqueceram de viver. Amarguradas com a vida, pessoas que deveriam agradecer
as bênçãos concedidas por Deus no ano que findava, essas pessoas fizeram
questão de se esquecer da grande data, da renovação, do renascimentos, da
Confraternização Universal e, além de não comemorem a data, resolveram implicar
com quem comemorava. Foi o caso de um vizinho meu que, por volta de uma hora da
manhã, quando o novo ano esboçava seu primeiro choro de recém nascido, resolveu
bater no portão de minha casa, pedindo para que a música fosse desligada por que
estava atrapalhando sua noite. Nota: este vizinho foi convidado para a festa
que ocorria em minha casa e, ao contrário de vários outros vizinhos não quis
confraternizar. Então, no ápice da comemoração, meio a fogos, brindes e, claro,
muita música, resolveu que, se ele não queria comemorar, ninguém mais poderia.
Conforme
era de se esperar, após sua retirada, e atendendo pedidos dos convidados, a
música, os fogos e os brindes continuaram.
Ao
raiar do sol, enquanto recebíamos contentes a primeira manhã de 2013 com
sorrisos de orelha a orelha, tinha gente mal-humorada na casa ao lado.
Todos
temos direitos e deveres. A lei do silêncio é um desses direitos e um desses
deveres e, longe de mim, ou de qualquer um que estivesse em minha casa desrespeitá-la.
Mas, é necessário que algumas pessoas entendam que há datas (Natal e ano-novo,
no caso), que são de comemoração universal e que, tal comemoração invade a madrugada.
Já
imaginou? Pedir aos organizadores da festa da Pampulha, Copacabana, Avenida
Paulista ou Times Square que desliguem seus alto-falantes e parem de soltar
fogos logo após a meia-noite só porque queremos dormir mais cedo? Seria cômico,
se não fosse trágico. A humanidade está perdendo a sensibilidade???
Pensemos
nisso.
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