PARECE
LOUCURA! MAS É SÓ MALUQUICE MESMO:
REFILMAGENS
Antônio Pedro de
Souza
Se
tem uma palavra em destaque no meios cinematográfico e televisivo, esta palavra
é “Refilmagem” (ramake, em versão gringa). Anualmente, dezenas de obras do
cinema e da tv são refilmadas, ganham nova roupagem e, às vezes, até novo
desfecho.
Dois
mil e doze foi um ano campeão de refilmagens. Na tv, “Gabriela”, “Guerra dos
Sexos” e “Carrossel” ganharam novas versões aqui no Brasil.
O
cinema não ficou de fora e trouxe “O Morro dos Ventos Uivantes”, além de
relançamentos, como “Titanic – versão 3D”, e “Pânico 4”, uma mescla de
refilmagem e continuação.
Mas,
sem dúvida, a grande curiosidade da temporada ficou por conta de “O Espetacular
Homem-Aranha”. O filme, que desconsidera os três anteriores e investe no
recomeço da série sobre o rapaz que é picado por um aracnídeo e passa a ter
poderes sobrenaturais, foi um estrondoso sucesso. Porém, nos vale uma reflexão:
será que as coisas não estão se acelerando demais? Refilmagens, em geral,
esperam umas duas décadas para serem feitas, já, com o novo “Homem-Aranha”,
isso não aconteceu.
Em
apenas uma década foram feitos três filmes da série original mais o quarto – a
refilmagem. O público ainda guardava quente na memória as eletrizantes cenas de
Tobey Maguire e Kirsten Dunst quando o jovem Andrew Garfield invadiu as telonas
reprisando o papel principal.
Que
o mundo anda cada vez mais rápido, disso ninguém duvida, mas acelerar demais as
coisas pode ser indício de: criatividade exagerada, daí a oferta se tornar
maior que a procura ou o contrário: criatividade escassa. Daí a reinvenção de
histórias, ao invés da invenção de novas.
É
triste constatar o último caso, afinal, existem muitos talentos querendo aparecer,
mas que não tem oportunidades. Em dois anos como professor, vi desenhos e
textos de alunos, dignos de grandes mestres das artes, mas que ficam limitados,
pois não têm apoio e, por isso, não aparecem.
Enquanto
isso, bons talentos que já têm seu lugar ao sol, decidem não escrever nada novo
e só refazer o que já foi feito. Novas
roupagens, tudo bem... mudar estas roupas com a frequência com que se vira a
página de um livro, com o tempo fica cansativo...
APS
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