Reprodução da internet |
PT,
PSDB, Mayer, Marcos, Bruno e as atitudes dos brasileiros em relação aos
acontecimentos das últimas semanas
As
últimas semanas vêm sendo conturbadas. Em todos os sentidos. Tanto que, como
autor desse blog 95% dedicado à cultura, passei a explorar outros temas,
digamos, mais desconfortáveis. Um deles é a quantidade de erros que assistimos
e deixamos passar, apenas por ser mais cômodo. Antes de chegar ao assunto
principal deste artigo, porém, quero esclarecer que não sou, atualmente, a
favor ou simpatizante de nenhum partido político e que sou contra preconceitos
e agressões. Dito isso, vejamos como são prejudiciais para todos, certos “linchamentos”
seletivos que vivenciamos nos últimos dias:
Para
começar, relembro uma conversa que tive, dias desses, com um amigo. Ele defende
o Partido dos Trabalhadores (PT) com unhas e dentes e não admite – nunca – que o
partido tenha cometido um único erro sequer. Semana passada, esse amigo
criticava, mais uma vez, as privatizações que o FHC fez na década de 1990 e a
privatização do autódromo de Interlagos. Lembrei a esse amigo que o governador
Fernando Pimentel (PT-MG) também pretende vender o terreno onde fica a Cidade
Administrativa e passar a pagar aluguel dos prédios. Sabem qual foi a resposta
dele? “Quando temos algumas dívidas, é necessário abrir mão de alguns bens”. Ou
seja, quando a privatização vem de qualquer outro partido, é um absurdo, quando
vem de alguém ligado ao PT, é necessária...
Não
defendo aqui as privatizações do FHC ou de Interlagos, mas também critico a
venda da Cidade Administrativa. Afinal, o terreno e os prédios pertencem ao
estado. Por que vendê-los agora e, amanhã, passar a pagar aluguel pelo lugar? Os
políticos do PT – e seus simpatizantes – que tanto criticam esse tipo de
negócio, estão fazendo exatamente a mesma coisa. Por que não protestar contra
isso?
Na
mesma semana, um fato chocou o Brasil (será que “chocou” mesmo?): uma denúncia
de uma figurinista da Globo de que o ator José Mayer a havia assediado. O ator
confessou, foi suspenso da emissora e a internet veio abaixo com palavras de
ordem, entre as quais, a principal frase era: “Mexeu com uma, mexeu com todas!”.
Será mesmo? Logo na sequência, como num filme de horror, o participante do Big
Brother Brasil, entrou numa espiral de agressões psicológicas a vários
participantes da casa, entre eles, três mulheres: Ieda, Marinalva e,
principalmente, Emilly. Embora não tenha havido agressão física por parte de
Marcos, as palavras, o tom de voz e a pressão negativa exercida por si só
valiam a expulsão.
E,
mais uma vez, a internet veio abaixo gritando palavras de ordem, pedindo a
exclusão do participante. A produção do programa chamou, separadamente, os dois
participantes (Emilly e Marcos) e explicou que o relacionamento dos dois estava
ultrapassando os limites considerados normais para o programa. Emilly optou por
não formalizar uma queixa contra Marcos e os dois seguiram na competição. E o
público que tanto clamava por justiça? Deixou passar duas oportunidades, na
mesma semana, de eliminar o participante machista e agressor. Na terça-feira, o
eliminado foi Ilmar. No domingo, a eliminada foi Marinalva com – pasmem – mais de
70% dos votos!
Não
defendo, em nenhum momento, a atitude de José Mayer. Se ele assediou, deve
pagar, sim. Porém, se ele errou e está pagando, por que não infligir a mesma
repulsa ao participante do reality show? Por que não exercer o poder do voto e
tirá-lo da competição, em vez de apoiá-lo e dar mais uma oportunidade a ele de
fazer novas agressões?
Paralelo
a isso tudo, o goleiro Bruno – sequestrador, assassino e ocultador de cadáver –
voltou a jogar futebol. Sob os aplausos calorosos da torcida do Boa Esporte...
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