terça-feira, 27 de março de 2018

Exposição em shopping da capital reverencia mestre do Renascimento


Réplica de "A Última Ceia" - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural


Da Vinci: A Exposição segue em cartaz no Shopping Cidade


            AVANÇADO. Assim pode ser definido um dos mestres do renascimento, o artista de múltiplas funções, Leonardo Da Vinci, tema de uma exposição em cartaz no Centro de Belo Horizonte.
            Nascido em 1452 na aldeia de Anchiano, próxima à cidade de Vinci, Leonardo é conhecido por pinturas famosas como A Última Ceia e Mona Lisa, porém, seu trabalho vai além: a partir de desenhos de anotações de Leonardo, foi possível chegar a protótipos, séculos após sua morte, de objetos e veículos comuns na atualidade, como tanques de guerra, helicópteros e roupas de mergulho!
            Da Vinci: A Exposição faz um apanhado de todas essas invenções. Dividida em salas temáticas, como “engenharia militar”, “anatomia”, “música”, entre outras, cada seção apresenta painéis com anotações e desenhos de Leonardo, seguidos dos protótipos – em diversos tamanhos – de seus inventos. A contribuição de Da Vinci para o nosso modo de vida é incalculável e o que a exposição faz é nos apresentar uma pequena parcela das ideias deste gênio que morreu em 1519.

Por Dentro:
            Na antessala da exposição, uma cópia enorme da Mona Lisa recebe os convidados. Ali, é possível fazer selfies ou, simplesmente, apreciar a beleza e os mistérios do quadro mais famoso de Leonardo.



           
Érico de Angelis, diretor da Exhibition Club, 
apresenta a mostra aos convidados 
Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
Na primeira sala, painéis retratam a biografia de Leonardo e um vídeo animado com cinco minutos de duração destaca os principais pontos da vida e da obra do artista. Para o produtor da Exhibiton Club Érico de Angelis, responsável pela exposição, esta primeira sala tem como objetivo desconectar o espectador do mundo exterior e prepará-
lo para o que virá a seguir. Em relação ao vídeo, ele disse acreditar que a junção de animação e informações históricas facilita a assimilação do conteúdo passado na projeção. “É uma forma didática e ao mesmo tempo divertida de passar informações importantes. E a linguagem utilizada agrada tanto adultos quanto crianças.” – comentou durante a coletiva que apresentou à imprensa belo-horizontina a mostra.

          A partir da segunda sala somos, enfim, apresentados ao universo de Da Vinci dividido por temas. Há um segmento que mostra inventos que visam facilitar a vida nas grandes cidades: pontes, escoamento de água, guindastes... Pensar que tais conceitos foram planejados há cerca de cinco séculos e que, em muitas cidades ainda não são postos em prática, chega a dar um nó na cabeça de       quem visita a exposição.

Réplica de "O Homem Vitruviano"
Foto: Antônio Pedro de Souza/ Site Feira Cultural
           Na área dedicada à anatomia há, entre outros, o famoso quadro O Homem Vitruviano. Leonardo ilustrou no quadro teorias sobre as proporções humanas. É possível perceber que o comprimento do corpo é de oito vezes o tamanho da cabeça e que a altura do homem é a mesma da largura dos braços estendidos. No quadro, é possível perceber o corpo em diferentes posições.
            A partir de suas anotações, foi possível descobrir também projetos para máquinas têxteis, empilhadeiras, bicicletas, entre outras. Em relação à bicicleta, há um mistério: Durante a restauração do Código Atlântico (livro que contém diversos escritos de Da Vinci) foi descoberto o projeto da bicicleta, porém, de acordo com estudiosos, os traços diferem um pouco do trabalho de Leonardo. Supõe-se, então, que o desenho encontrado no Código Atlântico pertença a um dos alunos de Leonardo, que havia se inspirado nos desenho do mestre...
            A última sala da exposição é dedicada às obras que fazem Da Vinci ser conhecido até hoje: as pinturas. Ali estão retratadas, em tamanhos naturais, réplicas de seus principais quadros, como as já citadas Mona Lisa e A Última Ceia e outros, como A Virgem das Rochas e Batalha de Anghiari.
            Quem nos leva para conhecer os quadros é o historiador Mateus Gomes, que acompanha a exposição há um bom tempo: ele esteve em Contagem quando a mostra ficou em cartaz no Itaú Power Shopping em 2015.
            Ele começa nos apresentando A Última Ceia: “Os discípulos são apresentados em quatro grupos de três e Jesus ao centro, mostrando que Jesus é o centro das nossas vidas. Há ainda o triângulo: ‘Pai, Filho e Espírito Santo’ e as roupas. Levava-se mais tempo para se vestir, o ato de se vestir requer uma nobreza. A questão do vermelho na roupa de Jesus é o sangue; o azul, celestial. Há a representação dos doze discípulos, mas aqui há a figura feminina, a figura de Maria Madalena. E não seria Leonardo da Vinci se não tivesse os mistérios: Aqui temos uma mão – Mateus aponta para Maria Madalena na pintura – e aqui uma faca, dizendo que precisamos cortar a cabeça de Maria Madalena. O fundo mostra Jesus mais uma vez como um ser iluminado. Há também a questão do nosso corpo falar: a questão das mãos – Mateus aponta para um discípulo que tem as duas mãos levantadas e explica: - O discípulo está com as mãos assim na hora em que Jesus explica que um deles o trairá. É uma pintura pensada nos detalhas. As linhas evidenciam Jesus ao centro. – Ele mostra um canto escuro no lado esquerdo e diz: – Aqui, a mitologia vai dizer que é a representação de Lúcifer... E se formos olhar mais além do que Leonardo pinta, podemos perceber aqui – novamente aponta para Maria Madalena – a figura de um menino, que seria o filho de Jesus e Maria Madalena. Outros vão dizer que seria Judas segurando o saco de moedas e alguns afirmam que Da Vinci não pintou, na verdade, a última ceia e, sim, as bodas de Jesus e Maria Madalena.”
O historiador Mateus Gomes guia os visitantes pelos quadros de Leonardo da Vinci - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural


Em seguida, Mateus começa a falar dos detalhes e, claro, mistérios de Mona Lisa: “O quadro foi o Francisco Bartolomeu Giocondo, marido da Mona Lisa, que contrata Leonardo Da Vinci para fazer o retrato. Ele contrata, paga antecipadamente, mas não recebe. Leonardo não entrega o quadro. Aqui, temos Mona Lisa ao centro e a paisagem ao fundo, como se estivesse descendo. Da Vinci pinta o quadro e tem uma dificuldade imensa de aceitação da obra.
            Mateus explica que a Igreja Católica, detentora de grande poder na época, não gostou da representação de uma senhora com o colo – ainda que pouco – à mostra. Outra inovação para o começo do século XVI foi a representação das mãos: Da Vinci pinta em detalhes os dedos e as mãos de Mona Lisa pousadas sobre seu colo, algo não usual no período.
            Em relação ao cenário, Mateus explica: “Essa ponte existe em Florença até hoje. Em relação ao caminho, muitos dirão que Da Vinci pinta aqui o céu e o inferno. A roupa de Mona Lisa não é considerada tão nobre. Outro ponto interessante é o olhar: onde você for nesta sala, terá a impressão de que ela está te olhando.” Há uma questão interessante sobre um dos mistérios que surgiram nos últimos anos: Mateus explica que, ao contrário do que se pensa, Mona Lisa não está usando um véu e uma mancha que pode ser percebida ao lado do quadro não se trata de um relâmpago que havia caído ali perto e fora retrato por Da Vinci. Tais efeitos, segundo Mateus, foram causados por uma restauração mal feita em algum momento que separa a pintura original (1503-1506) e os dias atuais.
O icônico quadro da Mona Lisa ganha múltiplas leituras na exposição - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural

“Essa questão do corte de cabelo, alguns historiadores afirmam que seria sangue, que Mona Lisa estava ferida na cabeça, mas que Da Vinci não a retrataria machucada. A questão do degradê, do claro do corpo dela ao escuro da roupa e da paisagem, Da Vinci usa estudos matemáticos para se chegar a esse ponto. Não há uma ruptura. E, por fim, se recortarmos a Mona Lisa deste quadro e observarmos apenas o fundo, a gente tem o mesmo fundo de um outro quadro: A Virgem do Fuso.
            No caso de A Virgem do Fuso, Mateus explica que é um quadro “mais fácil de ser visto, pois é mais claro, com contornos e linhas mais definidas. Quando voltamos a ver Mona Lisa, nossa pupila diminui, pois é um quadro mais escuro, mais sombrio.”
            Seja pela genialidade, sejam pelos mistérios, Leonardo da Vinci é, até hoje, um dos artistas mais reconhecidos de todos os tempos, com obras que povoam o imaginário popular e as salas acadêmicas e que agora a população de Belo Horizonte e região tem a oportunidade de conhecer.
            A exposição está no Piso G5 do Shopping Cidade (entradas pelas ruas Rio de Janeiro, Tamoios, São Paulo e Tupis, no Centro de Belo Horizonte) e os ingressos custam a partir de R$25,00. A mostra pode ser visitada diariamente até 22 de abril. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 4141-2017. A classificação etária é livre.

Vídeo:
            Clique aqui para ver ao vídeo da matéria (disponível a partir das 6h de sexta-feira, 23/03/2018) 

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