Réplica de "A Última Ceia" - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
Da
Vinci: A Exposição segue em cartaz no Shopping Cidade
AVANÇADO. Assim pode ser definido um dos mestres do
renascimento, o artista de múltiplas funções, Leonardo Da Vinci, tema de uma exposição em cartaz no Centro de
Belo Horizonte.
Nascido em 1452 na aldeia de Anchiano, próxima à cidade
de Vinci, Leonardo é conhecido por pinturas famosas como A Última Ceia e Mona Lisa,
porém, seu trabalho vai além: a partir de desenhos de anotações de Leonardo,
foi possível chegar a protótipos, séculos após sua morte, de objetos e veículos
comuns na atualidade, como tanques de guerra, helicópteros e roupas de
mergulho!
Da Vinci: A
Exposição faz um apanhado de todas essas invenções. Dividida em salas
temáticas, como “engenharia militar”, “anatomia”, “música”, entre outras, cada
seção apresenta painéis com anotações e desenhos de Leonardo, seguidos dos
protótipos – em diversos tamanhos – de seus inventos. A contribuição de Da
Vinci para o nosso modo de vida é incalculável e o que a exposição faz é nos
apresentar uma pequena parcela das ideias deste gênio que morreu em 1519.
Por
Dentro:
Na antessala da
exposição, uma cópia enorme da Mona Lisa
recebe os convidados. Ali, é possível fazer selfies
ou, simplesmente, apreciar a beleza e os mistérios do quadro mais famoso de
Leonardo.
Érico de Angelis, diretor da Exhibition Club,
apresenta a
mostra aos convidados
Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
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Na primeira sala,
painéis retratam a biografia de Leonardo e um vídeo animado com cinco minutos
de duração destaca os principais pontos da vida e da obra do artista. Para o
produtor da Exhibiton Club Érico de Angelis, responsável pela
exposição, esta primeira sala tem como objetivo desconectar o espectador do
mundo exterior e prepará-
lo
para o que virá a seguir. Em relação ao vídeo, ele disse acreditar que a junção
de animação e informações históricas facilita a assimilação do conteúdo passado
na projeção. “É uma forma didática e ao
mesmo tempo divertida de passar informações importantes. E a linguagem
utilizada agrada tanto adultos quanto crianças.” – comentou durante a
coletiva que apresentou à imprensa belo-horizontina a mostra.
A partir da segunda
sala somos, enfim, apresentados ao universo de Da Vinci dividido por temas. Há
um segmento que mostra inventos que visam facilitar a vida nas grandes cidades:
pontes, escoamento de água, guindastes... Pensar que tais conceitos foram planejados
há cerca de cinco séculos e que, em muitas cidades ainda não são postos em
prática, chega a dar um nó na cabeça de quem
visita a exposição.
Réplica de "O Homem Vitruviano"
Foto: Antônio Pedro de Souza/ Site Feira Cultural
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Na área dedicada à
anatomia há, entre outros, o famoso quadro O
Homem Vitruviano. Leonardo ilustrou no quadro teorias sobre as proporções
humanas. É possível perceber que o comprimento do corpo é de oito vezes o
tamanho da cabeça e que a altura do homem é a mesma da largura dos braços
estendidos. No quadro, é possível perceber o corpo em diferentes posições.
A partir de suas
anotações, foi possível descobrir também projetos para máquinas têxteis,
empilhadeiras, bicicletas, entre outras. Em relação à bicicleta, há um
mistério: Durante a restauração do Código Atlântico (livro que contém diversos
escritos de Da Vinci) foi descoberto o projeto da bicicleta, porém, de acordo
com estudiosos, os traços diferem um pouco do trabalho de Leonardo. Supõe-se,
então, que o desenho encontrado no Código Atlântico pertença a um dos alunos de
Leonardo, que havia se inspirado nos desenho do mestre...
A última sala da exposição é dedicada às obras que fazem
Da Vinci ser conhecido até hoje: as pinturas. Ali estão retratadas, em tamanhos
naturais, réplicas de seus principais quadros, como as já citadas Mona Lisa e A Última Ceia e outros, como A
Virgem das Rochas e Batalha de
Anghiari.
Quem nos leva para conhecer os quadros é o historiador Mateus Gomes, que acompanha a exposição
há um bom tempo: ele esteve em Contagem quando a mostra ficou em cartaz no Itaú
Power Shopping em 2015.
Ele começa nos apresentando A Última Ceia: “Os discípulos
são apresentados em quatro grupos de três e Jesus ao centro, mostrando que
Jesus é o centro das nossas vidas. Há ainda o triângulo: ‘Pai, Filho e Espírito
Santo’ e as roupas. Levava-se mais tempo para se vestir, o ato de se vestir
requer uma nobreza. A questão do vermelho na roupa de Jesus é o sangue; o azul,
celestial. Há a representação dos doze discípulos, mas aqui há a figura
feminina, a figura de Maria Madalena. E não seria Leonardo da Vinci se não
tivesse os mistérios: Aqui temos uma mão – Mateus aponta para Maria
Madalena na pintura – e aqui uma faca,
dizendo que precisamos cortar a cabeça de Maria Madalena. O fundo mostra Jesus
mais uma vez como um ser iluminado. Há também a questão do nosso corpo falar: a
questão das mãos – Mateus aponta para um discípulo que tem as duas mãos
levantadas e explica: - O discípulo está
com as mãos assim na hora em que Jesus explica que um deles o trairá. É uma
pintura pensada nos detalhas. As linhas evidenciam Jesus ao centro. – Ele
mostra um canto escuro no lado esquerdo e diz: – Aqui, a mitologia vai dizer que é a representação de Lúcifer... E se
formos olhar mais além do que Leonardo pinta, podemos perceber aqui –
novamente aponta para Maria Madalena – a
figura de um menino, que seria o filho de Jesus e Maria Madalena. Outros vão
dizer que seria Judas segurando o saco de moedas e alguns afirmam que Da Vinci
não pintou, na verdade, a última ceia e, sim, as bodas de Jesus e Maria
Madalena.”
O historiador Mateus Gomes guia os visitantes pelos
quadros de Leonardo da Vinci - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
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Em seguida, Mateus
começa a falar dos detalhes e, claro, mistérios de Mona Lisa: “O quadro foi o Francisco Bartolomeu Giocondo, marido da
Mona Lisa, que contrata Leonardo Da Vinci para fazer o retrato. Ele contrata,
paga antecipadamente, mas não recebe. Leonardo não entrega o quadro. Aqui,
temos Mona Lisa ao centro e a paisagem ao fundo, como se estivesse descendo. Da
Vinci pinta o quadro e tem uma dificuldade imensa de aceitação da obra.
Mateus explica que a Igreja Católica, detentora de grande
poder na época, não gostou da representação de uma senhora com o colo – ainda
que pouco – à mostra. Outra inovação para o começo do século XVI foi a
representação das mãos: Da Vinci pinta em detalhes os dedos e as mãos de Mona
Lisa pousadas sobre seu colo, algo não usual no período.
Em relação ao cenário, Mateus explica: “Essa ponte existe em Florença até hoje. Em
relação ao caminho, muitos dirão que Da Vinci pinta aqui o céu e o inferno. A
roupa de Mona Lisa não é considerada tão nobre. Outro ponto interessante é o
olhar: onde você for nesta sala, terá a impressão de que ela está te olhando.” Há
uma questão interessante sobre um dos mistérios que surgiram nos últimos anos:
Mateus explica que, ao contrário do que se pensa, Mona Lisa não está usando um
véu e uma mancha que pode ser percebida ao lado do quadro não se trata de um
relâmpago que havia caído ali perto e fora retrato por Da Vinci. Tais efeitos,
segundo Mateus, foram causados por uma restauração mal feita em algum momento
que separa a pintura original (1503-1506) e os dias atuais.
O icônico quadro da Mona Lisa ganha múltiplas leituras na
exposição - Foto: Antônio Pedro de Souza/Site Feira Cultural
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“Essa
questão do corte de cabelo, alguns historiadores afirmam que seria sangue, que
Mona Lisa estava ferida na cabeça, mas que Da Vinci não a retrataria machucada.
A questão do degradê, do claro do corpo dela ao escuro da roupa e da paisagem,
Da Vinci usa estudos matemáticos para se chegar a esse ponto. Não há uma
ruptura. E, por fim, se recortarmos a Mona Lisa deste quadro e observarmos
apenas o fundo, a gente tem o mesmo fundo de um outro quadro: A Virgem do Fuso.
No caso de A Virgem
do Fuso, Mateus explica que é um quadro “mais
fácil de ser visto, pois é mais claro, com contornos e linhas mais definidas.
Quando voltamos a ver Mona Lisa, nossa pupila diminui, pois é um quadro mais
escuro, mais sombrio.”
Seja pela genialidade, sejam pelos mistérios, Leonardo da
Vinci é, até hoje, um dos artistas mais reconhecidos de todos os tempos, com
obras que povoam o imaginário popular e as salas acadêmicas e que agora a
população de Belo Horizonte e região tem a oportunidade de conhecer.
A exposição está no Piso G5 do Shopping Cidade (entradas pelas ruas Rio de Janeiro, Tamoios, São
Paulo e Tupis, no Centro de Belo Horizonte) e os ingressos custam a partir de
R$25,00. A mostra pode ser visitada diariamente até 22 de abril. Outras
informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 4141-2017. A classificação etária é livre.
Vídeo:
Clique aqui para ver ao vídeo da matéria
(disponível a partir das 6h de sexta-feira, 23/03/2018)
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